Publicado às 14h30 desta quinta (21)

Na imagem, um tio da criança se despede da sobrinha recém-nascida, segurando seu pequeno caixão nos braços; toda a família clama por justiça

Publicado às 14h30 desta quinta (21)

Uma família serra-talhadense, que reside no Sítio Timburuna, na zona rural, viveu um drama neste início de semana. Eles sentiram na pele a falta de estrutura na saúde pública do município, apesar de sermos apregoados como o 4º polo médico de Pernambuco. Uma jovem mãe, de 23 anos, Suzana Santos, perdeu uma filhinha, conforme a família, por negligência clínica.

O sepultamento da criança aconteceu nessa quarta-feira (20). A família procurou o Farol de Notícias para expor sua indignação. Suzana, grávida da bebê, relatou que chegou ao Hospam no dia 11, após o Dia das Mães, sentindo muita dor e perdendo secreção. Do Hospam, transferiram ela para o Hospital da Mulher, em Recife, onde Suzana passou 10 dias internada apenas tomando medicação para segurar o bebê e ainda sofrendo com fortes dores.

Como nada foi feito, ela acabou retornando para Serra Talhada e imediatamente foi submetida a uma cesariana no Hospam. No procedimento, foi identificado uma grave infecção no útero e, infelizmente, a criança não resistiu.

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“Quando cheguei em Recife disseram que iam investigar porque a criança estava acima do peso para a idade gestacional, eram 33 semanas. Fizeram uns exames e me deram uma medicação para segurar a criança na barriga por mais tempo, mas continuei sentindo as dores. Disseram que iam esperar eu entrar em trabalho de parto, mas não entrei. Então decidir voltar para Serra”, contou a mãe, com bastante pesar.

Mesmo sem condições financeiras, o esposo de Suzana, Zildomar Nunes, de 30 anos, procurou meios para ir buscá-la em Recife para não deixá-la sofrendo lá sozinha, longe de todos, e correndo riscos, e ainda sem esperanças do atendimento que realmente precisava.

FAMÍLIA LAMENTA O 1º ATENDIMENTO

Ao Farol, a família relatou que quando Suzana chegou ao Hospam com as dores, no dia 11, um médico disse que não tinham estrutura para atendê-la, e por isso, teriam que encaminhá-la para Recife. Segundo ela, aqui não realizaram nenhum exame para saber como estava o bebê. A família acredita que se tivessem recebido o atendimento devido no Hospam, em Serra Talhada, a bebê poderia estar viva hoje.

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“Se o Hospam tivesse feito os exames no primeiro dia que fomos lá, tinha visto que ela estava com uma bola de pus no útero e que precisava retirar a criança o mais rápido possível, assim teria salvado as duas. O Hospam e os outros hospitais só estão preocupados com o coronavírus, mas esquecem que um hospital é pra tudo, não só para o covid”, desabafou Zildomar Nunes, pai do bebê.

A mãe Suzana também afirma, assim como o esposo, que o hospital deveria ter feito os exames no primeiro atendimento e, se tivessem realizado a cesariana neste momento, talvez não teriam corrido o risco de vida juntamente com a filha.

“O médico que me atendeu no dia que cheguei no Hospam deveria ter me encaminhado com urgência para fazer a cesariana, mas não, só disse que não tinha recurso [no hospital], ele foi irresponsável. Quando voltei de Recife, outro médico que me atendeu [no Hospam] disse que se não tivesse agido rápido não teria dado tempo nem de me salvar porque meu útero estava prestes a estourar devido a uma bolsa de pus.”

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“QUEREMOS JUSTIÇA”

Em conversa com o Farol, Zildomar Nunes afirmou que não sabe ainda se entrará com uma ação judicial contra os hospitais em que sua esposa passou. Mas querem justiça. A cunhada de Suzana Nunes, também deu depoimento à reportagem compartilhando do mesmo sentimento. “Ainda que seja a justiça divina”, disse Josefa Nunes, 48 anos, tia da bebê falecida.

“É complicado chegar já perdendo secreção e o médico não pedir um exame, não pedir uma ultrassom, nem para saber como a criança estava. Eles alegaram que não podiam tirar porque era prematuro, mas a criança pesou 3,600 kg. A criança nasceu roxa, isso é negligencia, isso é injusto. A gente quer justiça por causa disso. Que ao menos a Justiça divina seja feita”, afirmou Josefa.

O OUTRO LADO

O Farol de Notícias tentou contato, várias vezes, por telefone com a direção do Hospam, mas não obtivemos retorno.