Publicado às 05h02 desta terça-feira (9)

A redação do Farol de Notícias recebeu uma denúncia contra o mal atendimento no Hospital Agamenon Magalhães (Hospam), nessa segunda-feira(8). O drama envolve maus tratos e caso de polícia pela segunda vez. A situação embaraçosa ocorreu no último dia (4) com a paciente Sidneide Vieira de Lima, 57 anos, e a sua mãe, dona Maria Ester Vieira, 74 anos, aposentada.

Há 8 anos Sidneide Vieira foi atingida com um disparo de arma de fogo na testa, passou por 26 cirurgias, sobreviveu e ficou com muitas sequelas, entre elas, perdeu a visão, a fala, a capacidade de se locomover, pois perdeu todos os movimentos, e ficou tendo crises convulsivas e fica aos cuidados da irmã, que prefere não ser identificada para evitar mais aborrecimentos, pois encontra-se doente devido ao que passou no último atendimento na unidade de saúde.

Na madrugada do dia 4, ela teve uma forte convulsão e a família acionou o Corpo de Bombeiros para levá-la para o Hospam, na esperança de receber um bom atendimento e retornar para casa. Segundo dona Maria Ester, quando chegaram com a paciente se debatendo com uma crise forte a irmã ficou nervosa e começou a chorar muito e alto, o que teria desencadeado toda a situação.

FOI QUANDO TUDO COMEÇOU, DISSE

”Quando levaram ela e fecharam as portas o guarda olhou pra ela e disse: ‘não tá bom de se calar não? Não está vendo que está prejudicando os outros pacientes? Ela disse que era a irmã dela que estava lá dentro e ele disse que se ela não se calasse ia sair. Ela disse que não saia e ele disse que ia tirar ela por desacato e chamou a polícia”, relatou, acrescentando.

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”Quando a gente chega lá as enfermeiras dizem: ‘ah, são vocês de novo! É ela de novo!’ Como se  a gente tivesse pedindo favor a eles, mas a gente só vai porque precisa, pois já passamos muitas humilhações lá. Já disseram tanta coisa, uma enfermeira disse: ‘se fosse minha irmã eu já tinha dado um remédio que matasse logo para ver se ela descansava”, disse a mãe, indignada com a situação.

Ainda conforme dona Maria Ester, essa foi a segunda vez que chamaram a polícia durante os atendimentos prestados a Sidneide. Após o chamado do guarda, vieram 3 policiais, um deles disse que a irmã da paciente tinha que sair. Ela respondeu que não ia sair, pois não tinha ninguém que ficasse com a Sidneide e tinha o laudo dizendo que a irmã precisa de terceiros para cuidar dela e os policiais também não teriam sido cordiais, segundo relatou.

“Na hora, o policial disse: ‘dá para você parar com seus chiliques, deixe de mi mi mi que você vai de todo jeito’ e ela disse que só ia se chegasse alguém para ficar com Sidneide. Eu estava lá, mas tenho 73 anos, e também sou doente, tenho problema no coração, não podia cuidar dela sozinha, mas pedi para ela ir e ela foi para a delegacia. Fiquei sozinha com ela começou convulsionar de novo, chamei as enfermeiras, mas nem foram me ajudar, uma disse: ‘é só virar ela de lado”, relembrou.

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Outro fato que deixou mãe e irmã indignadas foi a forma que as enfermeiras e o guarda agiram quando ela voltou da delegacia e a atuação da polícia, que segundo ela, deveria correr atrás de bandido. ”Quando ela chegou da delegacia as enfermeiras eram tudo abraçando o guarda, comemorando e rindo como se ele tivesse feito uma coisa grande. Tanto erro acontece ali, tanta falta de humanidade e ninguém faz nada. Infelizmente, a polícia é conivente com uma coisa dessa. Tem tanta coisa errada pra polícia correr atrás aí eles vão atrás de uma pessoa que está pedindo socorro”, disse a mãe continuando:

“Eu queria que tomassem uma providência porque tudo no Hospam agora é a polícia, mandem eles atrás dos bandidos, não é chamar polícia para doente não. Eu acho isso triste e vou continuar lutando por ela, eu tava lá e vi tudo. Furaram ela todinha do lado que não podia e ela ficou todo roxa e inchada. Da outra vez deslocaram o braço dela porque pegam de todo jeito, pegam quando a gente não está no quarto e dessa vez foi o pé dela, eu fiquei revoltada quando eu vi a situação do pé”, concluiu Maria Ester.

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BUSCA POR OXIGÊNIO

Durante entrevista ao Farol, dona Maria Ester afirmou que só levaram a paciente para o hospital porque ela estava com uma crise forte e não havia cilindro de oxigênio em casa para socorrer a filha. Relatou também que durante todo esse tempo, lutam para conseguir um cilindro, ainda que emprestado, porém ainda não foi possível, por isso deixa um apelo para quem puder ajudar.

”Já tentamos conseguir um de todo jeito, mas nem na época da política a gente consegue. A prefeitura disse que não tem, promessas tivemos muitas, mas nunca trouxeram. Mas estamos na esperança de alguém nos ajudar de alguma forma, sabemos que é difícil, principalmente nessa pandemia, mas acredito que a gente ainda consegue.”, apelou a mãe.

A reportagem entrou em contato com a direção do hospital, que evitou comentar o assunto.