O secretário de Saúde de Serra Talhada, Luiz Aureliano Carvalho, está tentando quebrar a lei da física, quando um corpo não pode ocupar dois lugares ao mesmo tempo. O problema é que ele assumiu a pasta na Capital do Xaxado no dia 17 de setembro. Mas desde o dia 1º de agosto presta serviços como médico também da Unidade de Saúde da Família (USF) no distrito de Nazaré do Pico, em Floresta; a 87 quilômetros de Serra, e ainda dá plantão de 24 horas no hospital municipal da mesma cidade.

Na USF ele trabalha nas quartas e quintas feiras e fecha a semana com um plantão na sexta-feira no hospital, o que lhe daria – teoricamente – apenas dois dias de tarefas totalmente dedicadas à Secretaria de Saúde de Serra Talhada durante a semana. O malabarismo do secretário petista fica mais complicado, porque a carga horária em Nazaré do Pico é de 40 horas semanais. O comportamento de Aureliano vai de encontro a duas regras básicas impostas pelo sistema em que faz parte:

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A primeira, expõe uma grande contradição do próprio prefeito Luciano Duque (PT), que alegou ter aumentado os salários dos secretários para exigir exclusividade no trabalho. A segunda do gestor da XI Gerência Regional de Saúde (GERES), Clóvis Carvalho, que emitiu recomendação aos prefeitos para que os médicos de PSFs fizessem uma carga horária de 40 horas semanais.

Caso o comportamento do secretário-malabarista tenha a conivência do prefeito, quem vai ter que dar explicações sobre isso será o próprio Luciano Duque, por saber que Aureliano tinha estes vínculos, mas abriu exceção. Então, como cobrar dos outros membros da equipe esforço máximo em seus trabalhos? Por fim, administrar a saúde de uma cidade como Serra Talhada e suas complexidades, sem tempo integral, é assumir riscos na gestão.

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O OUTRO LADO

A reportagem do FAROL conversou, por telefone, com Luiz Aureliano, que confirmou a tripla missão. Entretanto, ele minimizou o assunto e disse que está se preparando para deixar os cargos na cidade de Floresta. “Devo ficar até o final do mês”, disse o secretário, arrematando:

“Não há nenhum problema em um médico ter dois vínculos. O salário de um secretário líquido é de pouco mais de R$ 5 mil. Um médico de PSF ganha muito mais do que isso. Tenho uma carreira pautada na honestidade e estou fazendo meu trabalho na Secretaria de Saúde. Há dias que trabalho cerca de 10 horas. Mas vou largar os trabalhos em Floresta”, finalizou.