Por Dr. Clóvis Carvalho, médico serra-talhadense

Filosofar é bom, mas tomar decisões é realmente difícil. Acertar, nos leva ao sucesso; errar, nos remete ao fracasso. Decisões epidemiológicas não são matemáticas e ao longo da convivência com a epidemia, vamo-nos informando através de evidências científicas divididas, observando fatos e aprendendo. Nada é absoluto!
Existem grandes diferenças sócio-econômicas, geográficas e comportamentais entre as nações do mundo; motivo pelo qual, ao longo do mês em curso e convivendo diuturnamente com o flagelo da pandemia, já é possível arriscar algumas observações:

1- O lockdawm pleno é impossível. Pois, é necessário manter as atividades essenciais, bem como as suas cadeias produtivas.

2- O lockdawn se faz necessário para desacelerar a transmissão da doença em função da inexistência da estrutura de saúde para suportar a contaminação em massa, além de permitir que estados e municípios estruturem a saúde para o enfrentamento da demanda

3- Não é objetivo do lockdawn, impedir que as pessoas adoeçam; pois, só irá ficar livre do problema quem contrair a doença e adquirir a imunidade natural ativa, já que ainda não existem vacinas em um horizonte de 18 meses

Veja também:   Cresceu quantidade de uniões homoafetivas e de divórcios

4- A transmissão é favorecida em baixas temperaturas e altas densidades demográficas.

5- A população idosa e o grupo de risco são mais vulneráveis à complicações e morte

6- A curva de transmissão da doença só começa a cair quando metade da população ou mais é contaminada.

7- A maioria da população, principalmente os mais jovens (em torno de 80%), vai ser portador do vírus sem desenvolver sintomas. Às vezes, sintomas leves. Ficará imunizada, mas irá transmitir a doença em larga escala.

8- É indispensável a prática de medidas que evitem a transmissão, como: lavar as mãos SEMPRE, manter distância entre as pessoas de pelo menos 2 metros, evitar contatos físicos, evitar aglomerações das pessoas, estimular o trabalho remoto e fechar fronteiras para pessoas testadas positivo ou vindas de regiões com transmissão comunitária.

Veja também:   Famílias podem ganhar até R$ 20 mil para casa própria

9- Evitar qualquer viagem que não seja
extremamente necessária;

10- Diante dos fatos, percebo que as autoridades sanitárias e governamentais ainda não encontraram o alvo do momento certo para determinar o lockdawn, por não levar em consideração as muitas variáveis geográficas que existe entre países e cidades. Portanto, parece-me oportuno fazer duas observações de ângulos diferentes para Serra Talhada:

A primeira, temos que comemorar: A estruturação de equipamentos de saúde com gestos largos da sociedade civil; a inexistência de casos em nossa região, sem perdas de vidas ou sobrecarga do sistema de saúde.

A segunda, é preocupante; pois, em relação à Epidemia ainda não avançamos nada. Pois, a inexistência de casos não é a solução do problema. Até nos faz prever a existência de um pico da doença mais na frente. Porém, o pânico generalizado criado diante da população; bem como o modelo de conduta única defendido por autoridades sanitárias, tem precipitado as autoridades nas suas condutas.

Veja também:   Evento fortalece nome de médico na chapa de Márcia

Por isso, precisamos refletir se o momento de implantar o lockdawn deve ser sincronicamente com os demais países do mundo, estados e demais municípios do Brasil; ou, somente após a fase 3 da epidemia, quando já existe circulação comunitária. Pois, como também já ficou evidenciado, o lockdawn por um período prolongado ou por tempo indeterminado tem um preço muito alto para a economia, sem falar no risco da desobediência civil Todavia, dependendo do comportamento da doença entre nós, pode ser necessário.

A Covid-19 é única e muito ainda tem que nos ensinar. Depois dela, o MUNDO jamais será o mesmo. Quem viver, verá!