Fotos: Manu Silva / Farol de Notícias

Publicado às 03h30 desta terça-feira (14)

Corredores e leitos vazios de pacientes em busca da saúde e também trazendo novas vidas. Onde se nasce em Serra Talhada? É uma pergunta que fica no ar após o fechamento da Casa de Saúde e Maternidade Clotilde Souto Maior. Três semanas depois, sem respostas sobre a readequação e reabertura da instituição, o Farol de Notícias visitou as dependências da maternidade que recebeu o primeiro choro e sorriso de muitos serra-talhadenses, mas agora só ecoa o silêncio da incerteza.

O médico Luiz Leite de Souza, de 82 anos, e que há 54 anos pratica a Medicina na Clotilde Souto Maior estava no hall de entrada ao lado de sua esposa, Maria Zimar Inácio, 64 anos, responsável pela administração da casa de Saúde há 40 anos. Junto de mais duas funcionárias esperavam algum sinal da Apevisa (Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária) ou outra entidade que possa orientar o retorno ao funcionamento.

Veja também:   Família procura por belmontense desaparecida há 30 anos

A instituição atualmente emprega mais de 20 profissionais de saúde de diversas áreas, muitos que dependem exclusivamente do trabalho na maternidade. Em conversa com os proprietários da casa de saúde, é possível perceber o sentimento de insatisfação, que segundo eles, não só prejudica os profissionais envolvidos, mas também a comunidade local.

“O sentimento é o pior possível, eu e meu marido temos prestado serviço a comunidade a vida toda e de repente chega alguém que diz que a gente não pode funcionar como a gente sempre funcionou e paramos de trabalhar. É difícil você dizer a uma pessoa a vida toda fez aquilo e que agora não tem condição. Sinceramente, eu me sinto fuzilada. Toda semana prometem vir, mas a gente nunca sabe. Não sabemos com quem falar mais e não sabemos onde estar o problema, ainda não nos orientaram para isso”, comentou emocionada Dona Zimar.

Veja também:   Neoenergia emite nota sobre "apagão" em ST

“É muito triste a gente estar em um ambiente que a gente viveu a vida inteira e de um momento para outro fecha. Estamos esperando que a fiscalização venha para poder reabrir. Ficar esperando prejudica a comunidade, pelo menos 90% dos nossos atendimentos são pelo SUS, não cobramos a população para atendê-los, isso nos deixa muito tristes”, resumiu o Dr. Luiz Leite, com os olhos marejados e a voz embargada.