“Não houve revolução. Houve um golpe dos militares contra um governo eleito pelo povo. Revolução foi a de 1930”, relembra. No dia 9 de abril de 64, Cirilo Carvalho foi preso no quartel do Exército, em Recife, onde ficou por 50 dias. “No dia da minha prisão foi assinado o Ato Institucional número I (AI-I) que limitava as liberdades individuais. Fiquei preso na 2º Companhia de Guarda sob o comando do coronel Ibiapina”.
Segundo ele, a razão da prisão teve haver com atos de solidariedade, uma vez que ele costumava levar trabalhadores lesados nos seus direitos para serem atendidos e aconselhados por Paulo Cavalcanti (advogado comunista falecido) e Francisco Julião, líder da Ligas Camponesas. Ele conta que no período em que passou no cárcere não foi torturado mas viu e ouviu companheiros e companheiras em sessões de tortura. “Ouvia gritos e pancadarias”, relembra.
Perdão?
No momento em que se criou no Brasil a Comissão da Verdade, para punir os crimes de tortura praticados entre 1964 a 1985, Cirilo Carvalho acha que tudo tem que ser visto apenas sob o aspecto histórico. “Deve-se seguir a máxima de Jesus Cristo. A verdade deve vir à tona apenas para a história e nada mais”, acredita o ex-preso político. Ele demonstra decepção com o cenário do Brasil de hoje. “Não existe mais ideologias e nem ideais, acabou. A história tem que ser contada como foi”, finalizou o sertanejo, nascido no munícípio de Mirandiba.
12 comentários em 1964: “Aquilo foi um golpe, mas a hora é de perdão”, diz Cirilo Carvalho