Fotos: Farol de Notícias/ Max Rodrigues 

Publicado às 05h42 dsta quinta-feira (2)

Nessa terça-feira (31) a reportagem do Farol de Notícias resolveu fazer uma surpresa ao casal que é dono de um dos maiores acervos sacros de Pernambuco. A casa fica localizada no bairro Nossa Senhora da Penha e pertence aos dois funcionários públicos João Batista e Maria Flávia de Vasconcelos. São 8 salas montadas com elementos sacros e peças raras.

Tanto João quanto Flávia vieram de famílias religiosas e base católica, é algo natural do cotidiano deles desde o berço  e também sentem orgulho em preservar o amor e o respeito pela religião.

“Desde a infância que eu tenho interesse pelo mundo religioso, foi a criação dos nossos pais, minha mãe era muito religiosa e devota de Nossa Senhora, desde o berço que estamos envolvidos com o cristianismo. Temos o maior respeito pelas coisas sacras e nossa devoção está contida no nosso coração, para nós e para Deus. Semana Santa era toda acompanhada, nem banho a gente podia tomar, eu achava era bom quando chegava a quarta-feira de cinzas, não podia comer doce na sexta-feira da paixão, porque dizia que era o dia de tristeza e de amargura, até o café era amargo”, João relembrou rindo dos momentos de quaresma.

OS ENSINAMENTOS DA IGREJA

Já são mais de 29 anos de casamento e como diria o ditado eles são “a tampa e a panela”, em tudo os pensamentos são parecidos, o bom gosto pela decoração, a devoção por Deus e Nossa Senhora e os ensinamentos da igreja. “A única coisa que não sigo da igreja é dízimo, é bíblico mas, eu faço se eu quiser e não me vejo obrigado, então eu não pago, mas se for para ajudar com a compra de algum material, ou pagar uma conta da igreja, eu pago”, ressaltou João e Flávia acrescentou:

“Nós temos muito os ensinamentos dos nossos pais, ir à missa no domingo, o respeito pela igreja, tanto de casa como da escola também, que na época ensinava também. Quando casamos demos continuidade, porque algumas coisas era da minha casa, outras da casa dele, algumas peças são novas, mas muitas peças são de herança”.

A DECORAÇÃO

O casal ama visitar antiquários, pesquisar imagens e quadros, buscam sempre por imagens de sua devoção e já estão esperando uma nova imagem de Nossa Senhora da Penha e também relatam que o carinho por decoração e zelo pelo lar vem de suas casas. “Estamos para receber uma Nossa Senhora da Penha de França, é a mesma padroeira do comércio de Recife, temos uma cópia da imagem da Basílica da Penha”, relatou João acrescentando:

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“Quando eu comecei a namorar com Flávia mamãe ainda era viva, ela ia lá para casa e quando ela chegava mamãe estava sempre fazendo trabalho manual, como bordados e a mesa da casa já era posta, Flávia chegava e ficava admirada. As coisas vão acontecendo sem o planejamento, é tanto que Flávia quem cuida de tudo, até a roupa ela gosta de lavar a mão, porque não gosta de máquina, ela não só passa ferro, como engoma tudo”.

Flávia tem uma mesa de sobremesas cenográfica toda montada, além de todas as mesas serem postas e porcelanas raras, inclusive porcelanas que vieram de Brennand. “As coisas foram acontecendo, nós fomos comprando os itens aos poucos para montar a mesa”, explicou Flávia.

NOSSA SENHORA DA PENHA NA VIDA DO CASAL

O casal é muito devoto de Nossa Senhora da Penha, sempre gostou de participar dos eventos e por terem muito respeito pela santa resolveram ter a bandeira, que é pintada à mão e toda bordada por Flávia, que antes disso nunca tinha bordado antes, mas aos poucos foi pegando gosto e formando uma verdadeira obra de arte com as mãos.

“A bandeira de Nossa Senhora da Penha que é da igreja foi uma senhora que bordou, Rita Barros, mais conhecida como Rita de Adalberto, quando a chamamos para bordar a nossa bandeira não deu certo, eu nunca tinha pregado lantejoula nem nada, depois que comecei a bordar fui aprendendo e dando certo e acabei me empolgando”, explicou Flávia e João completou:

“Nosso apego com Nossa Senhora da Penha e grande, é nossa padroeira, nascemos com essa educação e temos todo amor e todo carinho pela mãe de Deus”.

A PANDEMIA E O MOMENTO DEVOCIONAL

João Batista explica que fica triste com o momento que está passando, mas ressalta o fato de estar mais resguardado com a esposa em casa e que não sente em falha com Nossa Senhora, pois ambos têm o momento devocional em sua casa.

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“Ficamos um pouco triste pela situação que estamos passando, mas é normal para gente, porque hoje em dia estamos mais resguardados em casa, fazemos nossas orações e devoções em casa e quando a gente se dispõe a sair para o novenário é mais para interagir com as pessoas, em termo de religiosidade não faz falta a gente”, ressaltou João.

ORATÓRIOS PARA NOSSA SENHORA

A casa tem vários oratórios espalhados por ambiente, mas 3 deles são grandiosos e cheio de sentimentos, um em específico é para Nossa Senhora do Rosário, é maior e ocupa uma sala com cadeiras e bíblias, algumas imagens e bandeira, além de ser o local do Ícone Bizantino que o casal ganhou e guarda com o maior carinho. Também ressaltam que não é uma preferência por determinada santa, pois Maria tem muitos nomes, isso não os impedem de demonstrar sua fé por outros santos.

“Para a gente Nossa Senhora é a mãe de Jesus e tem vários nomes, então é a mesma Nossa Senhora, não temos uma definição, porque aqui é o santuário do Rosário não vamos rezar só para ela e assim por diante, onde estiver evocado Maria é sempre bem-vinda para a gente”, explicou João que lembrou do Ícone Bizantino que receberam de presente:

“O ícone bizantino nós ganhamos, a pessoa que nos deu visitou a casa e viu o tamanho de nossa fé e nos enviou, veio de Curitiba, quem pinta o ícone fica trancado 2 ou 3 dias de preparação espiritual para poder fazer a pintura, porque eles falam que não são eles que pintam quem pinta é a mão de Deus por isso eles nem assinam”.

O CUIDADO COM O LAR

A casa está sempre impecável, com mesas postas, porcelanas colocadas, taças e copos compondo cada ambiente e todo esse cuidado vem de Flávia que é perfeccionista nos mínimos detalhes. Além do mais o casal ressalta o fato deles não serem colecionadores, eles apenas gostam de decorar a casa “Tem hora que eu pergunto a ela para que tanta vaidade, ela mede até as toalhas, ela é muito perfeccionista”, afirmou João complementando:

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“Não somos colecionadores, nossa intuição nunca foi colecionar, sempre compramos obras voltadas para a arte sacra, o que nos fascina a gente sempre tenta comprar porque gosta e acha bonito, nós temos muito amor pela arte sacra. Toda a decoração foi feita por nós, cada ambiente traz um elemento sacro”.

O CONVITE PARA ESTAR NA REVISTA CASA CLÁUDIA

A casa que fica tem muros altos e muita imponência não demostra ter tanto elementos diferentes e sacros aos olhos de quem está de fora, mas ao entrar as pessoas ficam admiradas com a riqueza de detalhes de cada ambiente. Por ter muitas imagens e objetos típicos de igreja, muita gente acha que a casa é de algum sacerdote.

“Já chegaram a me perguntar se era a casa do bispo eu respondi que não e a pessoa disse: ‘eu não estou brincando, estou perguntando a verdade’, foi quando chegou outra pessoa e disse que a casa realmente era nossa e não do bispo”, Flávia lembrou com muito humor.

O jardim da casa também chama muito atenção por grandioso e bem cuidado. “O amor por plantas vem de minha mãe, eu acho que se a casa não tem um verde não tem vida”, relatou Flávia.

A revista Casa Cláudia, que tem tem como especialidade mostrar ambientes diversos por todo o país, com dicas de decoração e matérias sobre a história de determinadas casas, já entrou em contato com o casal para fazer uma matéria, mas eles recusaram e João explica o motivo:

“A revista Casa Cláudia já fez uma proposta para vir fazer uma matéria com a gente, não aceitamos porque não é uma casa de visitação, é o nosso lar, nós moramos aqui, é nossa intimidade, muitas vezes ficamos até com inimigos por dizer não, não é sempre que deixamos tirar fotos”.