Fotos do Farol de Notícias/Max Rodrigues
Publicado às 04h58 desta terça-feira (12)
Na última sexta-feira (8), a reportagem do Farol de Notícias foi conhecer as história de 5 eletricistas mulheres em Serra Talhada. São elas Aline Flaviana Carvalho Cruz, 32 anos, Kaciene Ramalho de Souza, 37 anos, Élida Amanda da Silva, 27 anos, Elisângela Mary de Souza, 43 anos e Vanessa Yali Pereira Lima, 24 anos, todas funcionárias do Grupo Neoenergia Pernambuco e estão em diversos ramos. Elas falaram sobre as dificuldades que encontraram e a paixão pela profissão, confira.
“Meu pai sempre trabalhou com construção, sempre achei a área muito interessante mas não segui, acabei fazendo um curso técnico e tive a oportunidade aqui de trabalhar como eletricista, gostei e fui me desenvolvendo na área. Como já trabalho há 5 anos como eletricista, no início foi muito difícil, enfrentei muito preconceito, mas graças a Deus dentro da empresa todo mundo ajudou, os líderes incentivaram, porém em campo já escutei muita piadinha de mau gosto, mas fui levando, porque eu estudei, estou trabalhando, posso não ter a mesma força de um homem, mas faço todos os serviços que um eletricista homem faz”, explicou.
ENFRENTANDO O MACHISMO
Uma das maiores dificuldades das mulheres que trabalham em ramos majoritariamente masculino é lidar com o machismo, seja nas empresas, seja por clientes ou seja na própria família. Mas as meninas não abaixaram a cabeça e seguiram com o que sabem e gostam de fazer. Aline relata que no começo foi muito difícil, pois era a única eletricista mulher de Serra Talhada e região, muitas vezes pensou em desistir, mas sua família deu muito apoio e hoje ela já evoluiu de cargo dentro da empresa. Ela ainda lembra com carinho dos clientes que ficam impressionados por ser mulher eletricista.
“No início é bem desanimador, não vou mentir, tinha dia de eu chegar em casa chorando, mas na frente do cliente a gente se segura, tem alguns clientes que são reativos, mas têm outros que são gentis, ficam “vem ver, é uma mulher”, tem gente que traz satisfação para a gente, para mim o incentivo maior é dentro de casa, é minha família, tinha dia que eu chegava dizendo que não aguentava mais, quando entrei fui para prontidão que é um serviço pesado demais, chega a ser mais desafiador que o corte, porque o corte é em relação a uma pessoa e a prontidão o serviço mesmo é pesado, tinha dia às 20h, no meio do mato, sem comer, sem acesso nenhum, mas quando a gente arruma o cabo, é tão lindo, todo mundo começa a gritar”, Aline explicou, acrescentando:
“Na chuva não podemos executar nenhum serviço, mas as pessoas às vezes acha que temos superpoderes e não entende que muitas vezes o serviço demora por conta das situações e nos sítios muitas vezes não tem acesso, hoje não estou com a calça verde porque a minha rasgou, passei essa semana toda dentro dos matos procurando acesso, o cliente não vê essa dificuldade. São mais dificuldades rotineiras, nossas dificuldades não é só o preconceito, temos algumas limitações, no entanto eu não vou mentir, tenho 5 anos de experiência e não me troco por muitos eletricistas, muitas vezes existe uma comparação que é muito chata”.
Aline ainda fala da cultura do machismo ser impregnada no sertanejo e relata uma situação constrangedora que vivenciou. “A cultura aqui é muito machista e preconceituosa, se não for dentro de casa você não acha apoio, alguns vão achar até bonito, mas só depois de você conseguir, quando eu tentei entrar na terceirizada me falaram que nem era para eu ir, que eu não ia conseguir, na época que eu entrei o Farol (relembre aqui) fez uma entrevista e muita gente falou que “ah, sempre achei que ia dar certo”, mas na verdade não tive incentivo a não ser dentro de casa, toda hora precisamos estar provando a nossa capacidade, já teve dia de faltar energia de noite, eu ir para o serviço e escutar “ah, é uma mulher, a energia não vai voltar, vamos ligar para vir outra equipe”, nesse dia quando eu achei o defeito que desci meu parceiro disse “olha aí, a mulher que não ia achar o defeito está ai consertando”, então sempre nos deparamos com esse tipo de comentários, mas mulher tem malícia para achar as coisas rápido”
O DESGASTE, O RECONHECIMENTO E SER A ATRAÇÃO NAQUELE MOMENTO
Elisângela também comentou sobre o desgaste físico e mental que enfrentam no trabalho, mas que é recompensado pelo reconhecimento dos clientes, ela ainda relata como se sente especial, pois se torna uma atração nos locais, as pessoas todas observando o seu trabalho e admirando aquele momento.
“Existe o desgaste físico e também tem um desgaste mental, mas eu garanto que nenhuma de nós queria estar em outro lugar. Tudo bem que o sexo masculino pode às vezes até ter mais força do que a gente em algumas situações, mas tem outras situações que determinado serviço não vai exigir força e sim raciocínio, muitas vezes os clientes reconhecem e falam, “fulano fez o serviço e não deu certo, essa menina chegou aqui com uma carinha de besta, falando fininho, pedindo licença, demorou um pouquinho, mas ficou tão bem feito”, eles vêm essa questão do homem ter mais força e também ser mais bruto e nós chegamos devagarinho, com mais jeitinho e faz o mesmo serviço que o homem”, detalhou completando:
“É como se fôssemos um destaque, quando a gente chega em um local de serviço as pessoas ficam admiradas, começam os murmurinhos “nossa, é uma mulher”, “tem mulher que trabalha como eletricista?”, ficam observando a gente colocar os equipamento de proteção individual e viramos uma atração, o pessoal para para ficar olhando mesmo”.
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