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Fotos divulgação / Fundação Cultural Ambrosino Martins

Colaborou Giovanni Sá Filho

Um dos mais competentes músicos e produtores culturais de Triunfo, membro da Fundação Ambrosino Martins e membro de sete projetos musicais, Paulo Henrique de Moraes Martins, o PH Moraes, esteve na redação do FAROL DE NOTÍCIAS para uma entrevista exclusiva. PH e a centelha de músicos que movimentam o cenário cultural alternativo triunfense estão crescendo mais do que imaginavam e em 2016 irão se apresentar em um festival no Reino Unido. Confira a entrevista na íntegra.

ENTREVISTA COM PH MORAES – FUNDAÇÃO AMBROSINO MARTINS

FAROL: Boa tarde, PH. Seja bem-vindo à redação do Farol é um prazer conversar com você e gostaríamos que você falasse um pouco sobre o seu início na música.

PH MORAES: Agora em 2017 vou completar 20 anos de música. Entrei no Ambrosino Martins em 1997 e de lá para cá a gente vem trabalhando em várias vertentes. O coletivo se ramificou, do Ambrosino veio o Radiola Serra Alta, em 2005. Depois surgiu Jéssica Caetano e os Gatos Mouriscos e agora tem o Cristaleira, o Coletivo Zé da Laranja e a gente também tem o Maracatu de rua, tem o forró pé de serra Só Triscando e tudo do mesmo coletivo.

FAROL: O Ambrosino Martins tem sido uma importante ferramenta de fortalecimento cultural de Triunfo, conta um pouco sobre a história da fundação.

PH MORAES: O Ambrosino Martins, o grupo mesmo foi fundado em 1997. Era um grupo de dança que a gente fazia dança e música ao vivo. Então, em 2000 foi que a gente realmente tomou a iniciativa de banda, de banda de palco. São 15 anos que a gente está assim como banda de palco. Em 2005 a gente fundou o Radiola Serra Alta, que a princípio era uma dupla eletrônica que fazia cover de outros grupos e com o passar do tempo a gente foi começando a produzir nossas coisas e hoje a gente está com um trabalho autoral. O Ambrosino também. Em 2012 começou o trabalho Jéssica Caetano e os Gatos Mouriscos, que é o trabalho solo de Jéssica, com as composições dela, algumas coisas minhas, mas mais voltado para o trabalho solo dela.

Em 2013 a gente lançou o primeiro disco do Ambrozino, que é a Fantástica Ascenção de Severino Z, em 2014 a gente lançou o Computador de Ciço, que é o primeiro disco da Radiola Serra Alta. Em 2014 também a gente lançou o Coletivo Zé da Laranja, que é um coletivo levado à frente por Airlan Siqueira, que é um dos componentes do coletivo. É um grupo de rap, com umas misturas de coco e umas percussivas, mas com um cunho voltado bem para o rap. E tem o Maracatu de Rua que foi fundado em 2006, maracatu cortejo, nação. Tem o Só Triscando que já vai completar dez anos, que é um grupo de forró pé de serra e a gente toca mais covers assim. Mas sobressai muito e as pessoas gostam também, é legal.

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FAROL: Todos os integrantes da Fundação Ambrosino Martins têm um vasto conhecimento musical. Como vocês conseguiram esse amadurecimento e a diversidade de estilos musicais que vocês tocam?

PH MORAES: Bem, facilitou bastante para a gente porque nós já somos bastante amantes da cultura popular e o Ambrosino já começou com coco, com a ciranda, com o maracatu e depois a gente deu uma incrementada. Como a gente gosta também bastante de rock n’ roll, rap e de outras tendências mais universais. E o amadurecimento veio com o tempo, a gente trabalhando com o Ambrosino, amadureceu para trabalhar com o Radiola, depois a gente amadureceu para trabalhar com Jéssica. E assim foi bacana porque a gente conseguiu delinear todos esses seguimentos que gosta e faz com prazer.

FAROL: A formação musical de todos que formam o Ambrosino Martins é bastante diversa e abrange todos os estilos musicais que vocês abrangem. Por exemplo, você toca quantos instrumentos?

PH MORAES: Eu comecei tocando surdo, percussão e com o passar do tempo aprendi a tocar pandeiro. Depois, como eu já era vocalista do Ambrosino, não como exímio cantor, mas dá para… e assim tem bateria que eu toco no projeto da Jéssica Caetano e assim, tem muito treino. E a maioria dos instrumentos de percussão que eu toco, eu gosto muito de estudar em casa, fico treinando a resistência e tudo. Isso com todos que eu toco e fui desenvolvendo todos esses instrumentos.

FAROL: E o Radiola Serra Alta, vocês já estão repercutindo internacionalmente. Como vocês recebem esse sucesso?

PH MORAES: Bem, o Radiola Serra Alta teve um destaque maior justamente porque a gente trabalha em cima das duas figuras folclóricas de Triunfo. Então, é uma coisa interessante, as pessoas veem duas figuras mascaradas no palco e já ficam impactadas. Como também é um grupo de logística muito simples, são quatro pessoas. O formato maior são quatro e o menor apenas duas, então, dá para viajar de carro pequeno para qualquer canto e para ir para todo canto. Essa logística simples facilitou muito a circulação do Radiola. É tanto que a gente já foi para Fortaleza, para João Pessoa, já foi para Maceió com esse formato simples.

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A divulgação internacional veio a partir do Porto Musical, em Recife. Tocamos lá em fevereiro e lá tinham vários produtores de vários países. Alguns produtores ouviram o som e a performance de palco eles ficaram encantados com a performance, além da inovação de trabalhar sample com mistura de batuque. Então, seria um trabalho de som binário, mostrando a tendência cultural do coco, do aboio, misturado com drum bass, com vários outros tipos de estilos de músicas, o duble step. Várias tendências universais. E foi aí que surgiu o convite para a gente tocar em Brighton, no Great Escape, mas estamos vendo a possibilidade de fazer outros pubs pela Europa. Estamos tentando fechar para divulgar mais o trabalho por lá.

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FAROL: PH, você falou com relação a duas personagens bastante representativas do Carnaval de Triunfo, que está no seio do Sertão, mas tem uma cultura bastante peculiar em relação a outras regiões. Fale-nos um pouco das personagens e como é representar a cultura triunfense para o Brasil e agora para fora dele?

PH MORAES: Bem, para a gente é um trabalho que a gente se diverte, porque o careta é uma figura carnavalesca onde a gente se veste e não pode ser reconhecido. Então, a identidade fica bem subjetiva e a gente se diverte no carnaval. Já a ‘veinha’, que é um dos personagens também e ficou meio esquecido com o passar do tempo. O careta é meio que ovacionado, o careta é o pop star de Triunfo. E a ‘veinha’ ficou um pouco esquecida, mas como é uma figura tradicional de Triunfo decidimos botar as duas personagens no palco. São figuras interessantes, divertidas, o figurino também é muito colorido e chama muita atenção. E é a maior diversão para a gente, tanto no carnaval como no palco a gente se diverte muito.

FAROL: Periodicamente o movimento cultura de Triunfo faz eventos para a música alternativa não só da cidade, mas também do estado. Como vocês pensam também a produção musical a realização de eventos, como o Munguzá Sonoro e o 1º Encontro de Coco?

PH MORAES: A gente toca e sente um pouco dessa carência de ver artistas com o mesmo segmento, na mesma linha da música independente e autoral aqui na região, em Triunfo, Serra, Afogados, Tabira. A gente decidiu fazer o festival Careta Amp em 2009, que vem a cada ano tomando um destaque maior, vem crescendo. O encontro de coco foi o primeiro ano e a gente fez também porque a gente gosta muito da cultura raiz.

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Então como a gente teve essa chance de aprovar um edital municipal no Pipa, aí decidimos fazer um dia cultura raiz, de coco de roda, de embolada e tal. E no outro dia com essas tendências mais diversificadas com o Cabruêra, que faz coco com rock; teve o Gustavo Pontual, que é um rapper de Recife. Além do Graxa que faz uma mistura de sons muito legal e teve o Templários Acústicos que faz um som muito bacana, misturando todas essas tendências. Foram os dois festivais promovidos pela fundação que formam o Careta Amp.

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FAROL: Após a participação no Festival do Reino Unido quais são os planos para o Radiola Serra Alta e os demais projetos da Fundação Ambrosino Martins?

PH MORAES: Nós temos planos para todos os projetos, mas o Radiola Serra está em um patamar acima, justamente por da qualidade musical e da peculiaridade do Radiola. Voltando de lá a gente com certeza a gente vem mais satisfeito, com o sentimento de trabalho concluído. Mas o que a gente quer é abrir novo canais na Europa e na América do Sul também, porque você tocando lá dá mais visibilidade para o grupo, dá know-how, currículo. E vários produtores e produtoras têm assim um festival para toca na Europa, no Reino unido, e já dá um bom respaldo.

Na volta a gente pensa muito em fazer turnê pelo Brasil, como a gente já tocou em várias cidades do Nordeste e como eu já disse temos planos para todos os outros grupos. Esse show lá vai ser de suma importância para abrirmos novos canais, tanto para o Radiola, quanto para o Ambrosino, o Coletivo, a Cristaleira… todos os grupos. Então assim, eu acho que a gente vem com um know-how melhor, um currículo renovado mesmo.

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