sinpol4Presidente do Sinpol Pernambuco, Áureo Cisneiros

O Farol recebeu, nesta quarta-feira( 24), uma comissão do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol). Nesta entrevista, o presidente  Áureo Cisneiros faz lerta sobre a situação de sucateamento da categoria em Pernambuco. A fotos são de Manu Silva. Confira!

ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DO SINPOL PE – ÁUREO CISNEIROS

FAROL: Presidente, boa tarde, seja bem-vindo a redação do FAROL. Qual é o objetivo dessa visita que o sindicato está fazendo na região do Pajeú e aqui especificamente em Serra Talhada?

ÁUREO CISNEIROS: Boa tarde, na verdade estamos fazendo uma caravana que anualmente a gente faz. Agora em fevereiro e março faremos um apanhado, conversando com os policiais, vendo a questão das propostas vindas da categoria para fazermos um filtro e encaminhar ao governo. Além disso, estamos fazendo outro dossiê, em 2015 fizemos um dossiê das condições de trabalho, da falta de efetivo e agora também estamos fazendo um dossiê.

Através de fotos, de depoimentos de policias e de pegar o quantitativo do efetivo das delegacias vamos levar uma radiografia dessa caminhada da gente para o governo do estado. Ao secretário de Defesa Social para que tome as providências e melhores as condições da Polícia Civil para que possa atender o melhor possível o povo pernambucano.

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FAROL: Como está a radiografia específica da Delegacia de Serra Talhada? Pergunto isso porque há cerca de 30 dias o FAROL fez uma reportagem sobre as condições. Os próprios policiais eram quem estavam limpando o espaço de trabalho, a placa da delegacia não tinha. Qual foi a situação que o senhor encontrou?

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ÁUREO CISNEIROS: Além de muita sujeira, porque falta o pessoal que presta serviço de limpeza. Essa é a única seccional, e isso a gente vai levar esse pleito para a chefia de polícia, que é a única seccional que não tem os serviços gerais de serviços de limpeza. Houve a quebra de contrato em agosto e depois disso não houve mais contratação da empresa de serviços gerais. Os policiais estão fazendo a limpeza, os policiais já estão sobrecarregados por falta de efetivo, na questão de apuração de inquéritos, das diligências de investigações e ainda têm que fazer a limpeza na delegacia.

Isso é terrível, não têm coletes suficientes aqui em Serra Talhada para proteger o policial quando os policiais saem as ruas, faltam as condições mínimas na delegacia com os ares-condicionados de diversas salas quebrados por falta de manutenção. A questão do efetivo aqui é muito grave, em Serra Talhada e região, porque aqui temos uma seccional e em toda a região está faltando muitos policiais. Estamos com cerca de 40% a menos de efetivo necessário para atender a demanda da violência da região. De crimes cometidos para apurar esses crimes e colocar os criminosos na cadeia.

Essa questão do efetivo e das próprias condições da delegacia, a placa está lá caindo do mesmo jeito por falta de manutenção, a pintura da própria delegacia, muitos lugares estão mofados as paredes, mofado o teto, com várias goteiras e depois que choveu ficou mais evidente ainda. Está precária demais a situação e a questão das viaturas, faltam viaturas para fazer as diligências e para se ter uma ideia, na seccional de Serra Talhada tem apenas uma viatura e mesmo assim está quebrada.

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Uma delegacia com duas viaturas e mesmo assim uma apresentando defeito, praticamente com uma viatura para atender toda a cidade de Serra Talhada. É outro pleito que vamos levar para a chefia de polícia para que tomem providências. Na verdade, em Serra Talhada não pode continuar essas condições que estão submetidos os policiais civis. A Polícia Civil é muito importante para a investigação dos crimes e pedir a prisão dos bandidos, mas não está podendo fazer isso com efetividades por falta das condições de trabalho.

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FAROL: Por falar em papel da Polícia Civil, no ano passado Serra Talhada fechou um balanço com quase 30 homicídios. Como o senhor vê esse descompasso em ter o número de homicídios muito alto no Sertão do Pajeú e em contrapartida, a Polícia Civil não ter condições para investigar?

ÁUREO CISNEIROS: Pois é, essa é justamente a nossa crítica em 2015, essa falta de condições de trabalho e a falta de efetivo. É uma coisa que em Serra Talhada, e inclusive eu vim a imprensa local denunciar isso, levamos ao governo do estado o pleito. O governo do estado tem prometido que vai abrir concurso para atender a demanda, inclusive foi um dos pleitos da mesa de negociação da gente. Abrir um concurso, colocar os policiais com urgência para que as delegacias não fiquem sem policiais e a população penalizada.

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Terrível o que aconteceu em Serra Talhada em 2015, um aumento grande na violência. Como aconteceu em Caruaru, como aconteceu em Petrolina o aumento da violência e a gente só lamenta muito. Quero dizer ao povo de Serra Talhada que a gente está nessa luta, nessas reivindicações justamente porque o Estado diminuiu muito os investimentos em 2015 da Polícia Civil e esse ano a gente já tem um prognóstico que vai ser mais precária a questão do RC da Polícia Civil. A gente foi no financeiro e houve cortes ainda maiores que em 2015 e isso a gente não pode aceitar.

O aumento da violência não é por conta dos policiais civis, nós queremos trabalhar, queremos investigar os crimes, mas estamos sem condições. Não tem colete, não tem viatura em número insuficiente, as condições das delegacias são precárias demais e não dá para trabalhar assim. O governador tem que despertar para a possibilidade de atender esse pleito da segurança pública. Na verdade, não é só em Serra Talhada é em todo o estado de Pernambuco que está uma crescente da violência e a gente não pode permitir isso.

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