Publicado às 04h53 deste domingo (12)

Por Adelmo Santos, Escritor e Presidente da Academia Serra-talhadense de Letras (ASL)

O Bar do Abrigo era de Zé Barros e ficava dentro da Praça Dr. Sergio Magalhães. A foto está mostrando a parte detrás com a janela de ferro aberta. Na frente onde tem as colunas, dá pra ver apontando uma mesa de sinuca. Dentro do bar só ficava o atendente, os clientes ficavam pelo lado de fora, ou encostados no balcão.

Toda segunda-feira juntava gente pra falar de futebol e das coisas que aconteciam na cidade durante a semana inteira. Era o local principal das fofocas e das notícias, lá todo mundo sabia quem era a mulher fuleira, e quem era a nova bicha. Tinha assunto pra tudo, tinha a lista dos viados da cidade e das ribeiras. A resenha principal era nas segundas-feiras.

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As pessoas iam chegando botando os assuntos em dia, falando de futebol, das tristezas, alegrias e também da vida alheia. Falavam de Padre Jesus na igreja celebrando, dando broncas nas mulheres com vestidos decotados espalhando seus encantos. Era no Bar do Abrigo onde tudo acontecia, era as notícias do rádio misturadas com as fofocas tomando conta do dia. Tinha sempre um fofoqueiro falando da vida alheia, quem era a mulher bonita, ou quem era a mais feia.

Em Serra Talhada não tinha emissora de rádio, não tinha televisão, nem também tinha jornal. Os jornais da capital levavam uma semana para chegar ao sertão. No campo da várzea, o Comercial Esporte Clube jogava empolgando a torcida com as jogadas de Chico de Rocha, os dribles de Bico de Aço e os gols de Nego Bria.

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Era no Bar do Abrigo que as pessoas se juntavam pra tomar umas e outras ficando a par dos fuxicos derramando as suas mágoas. Todos os dias, ás 18 horas, no alto falante da praça, a cidade estremecia. Era um momento de fé, era a hora que Nizinho rezava a “Ave Maria”.

Nas festas de setembro as pessoas iam pra praça mostrar suas roupas novas e ficavam dando voltas. Era o tempo que as pessoas admiravam os monumentos. Ficavam fazendo pose pra tirar fotografia registrando esse momento. Na década de 60 pouca gente possuía uma máquina fotográfica. Seu Oliveira Burrego tinha uma máquina lambe-lambe, era o fotografo da praça.

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