Fotos: Celso Garcia/Farol de Notícias

Publicado às 13h19 desta terça-feira (7)

Até a década de 80 e início dos anos 90, Serra Talhada viveu o auge dos festejos juninos de bairros com competições de quadrilhas, ornamentações de ruas, barracas de comidas típicas, forró pé de serra e muita diversão. Uma das ruas do Centro de Serra Talhada que mais se destacava na temporada era a Rua Padre Ferraz que foi campeã em várias competições.

Farol esteve na Padre Ferraz na manhã dessa terça-feira (7) e resgatou memórias da época dos moradores da rua e dos vizinhos que participavam dos festejos e conversou com três serra-talhadenses que rememoram com carinho e saudade o que vivenciaram na temporada mais animada da cidade e da Rua Padre Ferraz.

Jenicleia Leal, filha do comerciante Álvaro Leal, revelou ao Farol como começou a famosa festa junina da Padre Ferraz que reunião multidão com os moradores, familiares dos moradores e vizinhos que se divertiam juntos. Os moradores se juntavam, cada um fazia um prato, chamavam um gritador de quadrilha para organizar, ensaiavam durante um mês, todas as noites, em frente a casa do Senhor Álvaro Leal e quando chegava a fogueira era só diversão.

”Alguns vizinhos que trabalhavam com políticos começaram a pedir uma bandinha para animar mais e assim a gente fazia nosso São João. Conseguíamos patrocínio para enfeitar a rua também, deixávamos a rua bem enfeitada. Era aquela animação, mas depois algumas pessoas foram saindo da rua, outros faleceram e foi perdendo a graça, inclusive a minha irmã, Francisca Leal, que era uma das pessoas que enfrentava também faleceu e a gente foi perdendo a graça de fazer”, Jenicleia explicou, continuando:

”Tem uns 13 ou 14 anos que não fazemos mais porque transferimos o São João da rua para o nosso sítio, ia todo mundo para lá e fazíamos a festa porque no sítio é mais animado, mas há 12 anos ela faleceu e mainha não quis mais fazer porque perdeu a graça, mas no que dependesse de mim, porque gosto muito de festa junina, eu faria tudo novamente porque o forró da Padre Ferraz era animado.” Maria de Lurdes (Lurdinha do Salão) também fez parte da quadrilha da rua, sente muita falta dos festejos e deseja que a tradição seja resgatada.

”Eu sempre morei na Jacinto Alves quando era solteira, mas desde criança participava das quadrilhas da Padre Ferraz e era muito boa a época das quadrilhas. O melhor era os ensaios, as festas, as comemorações, as barraquinhas de comidas juninas que as pessoas da rua faziam. Aquela época era maravilhosa e agora não existe isso, só tem mais nos colégios, quadrilha de rua não tem mais”, disse, continuado:

”Tinha fogueira, fogos, milho cozido, bolos tudo, as competições, a rainha do milho da Agostinho Nunes, era maravilhoso. Mas, as coisas vão mudando, as coisas vão ficando mais difícil, as pessoas vão se afastando das festas, vão ficando mais fechadas sem quererem participar, mas antigamente todo mundo participação. A tradição tem que voltar que era muito bom, se voltasse eu participava de novo porque eu gosto muito.”

Rosimério Gomes (Gomes do Carro de Som) também não era morador da Rua Padre Ferraz, mas foi um assíduo dançarino de quadrilha da rua e de outras ruas do Centro de Serra Talhada. Ele também é um dos defensores do resgate das festas juninas de bairro e competições de quadrilha.

”A gente competia, eu dançava na Padre Ferraz, na rua do Cine Plaza, na Agostinho Nunes, num ano só eu dançava 3, 4 quadrilhas e hoje não tem mais isso, muitas vezes trocava só de camisa e parceira. Tinha uma competição, mas era gostoso porque cada uma queria fazer melhor. Era só no boca a boca e tinha muita gente, era lotado, hoje com a internet e redes sociais que tem mais divulgação era para ter mais público, mas pense num negócio que está parado.

”Tem que haver um incentivo do governo local para ser feito isso, não é nem quem está no comando, mas o pessoal que faz parte da assessoria, que representa o bairro, a rua, teria que levar esses projetos para o pessoal para que haver incentivo para as competições e resgatar a tradição. A juventude hoje não quer nem saber, estão tudo na internet”, lamentou Gomes do Carro de Som.