Giovanni Filho é Jornalista no Farol de Notícias, Mestre em Comunicação e doutorando em Sociologia.

O fato curioso desta semana em Serra Talhada envolveu, mais uma vez, a controversa gestão do presidente Nailson Gomes (PTC) à frente da Casa Joaquim de Souza Melo. E só mostrou o quanto a máxima popular ‘quem vê cara, não vê coração’ se aplica ao parlamentar.

Nailson, que atualmente é o maior torrador de diárias na casa legislativa, despiu-se da missão de presidente da Câmara, para brincar de monarca ressuscitando da tumba o Poder Moderador e colocando a Polícia em um plenário vazio para intimidar uma mulher.

Em contraponto, ao levantar-se da cadeira e gritar ‘vocês não valem nada’ na sessão da última terça (25), a serra-talhadense Cristiane Terto vestiu-se do poder que lhe é concedido pela ‘res pública’, esse sim legítimo, para apontar o dedo aos vereadores e dizer aquilo o que uma multidão gostaria de fazê-lo.

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Havia de ser uma mulher, como Antígona, para questionar a arbitrariedade de uma medida e escancarar os objetivos do projeto da TCR. Contra o monarca Nailson, Cristiane se vestiu de heroína do povo em um desabafo necessário, chocante e solitário.

Desse modo, não só conseguiu expôr a face truculenta do presidente da Câmara, como mostrou o quanto vale a nossa tênue voz para a atual elite política da cidade. Um pio fora do tom e se justifica a violência estatal, como já bem nos alertava o velho Max Weber.

O contrassenso nisso tudo é que os vereadores colhem a revolta de Cristiane por não abrirem espaço para a população entender, discutir e questionar o projeto da TCR em uma audiência pública. Eis aí um dos motivos de tanta polêmica atualmente, que tem gerado desgaste para o governo e o legislativo.

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A voz do povo foi suprimida diante um documento aprovado sob mecanismos e critérios de cobrança curiosos. Resta saber se a população terá memória para ruminar tudo isso até a próxima eleição, quando então poderá também decidir se condena ou absolve Nailson Gomes e a sua belicosa dialética de trabalho.

Cristiane Terto expôs desabafo indignado diante vereadores na última terça, 25