Fotos: Farol de Notícias/Celso Garcia

Publicado às 05h43 deste domingo (20)

Salomão tem 8 anos, é muito carinhoso, atencioso, bem-adaptado a tudo, gosta muito de interagir com crianças. Onde ele chega é o Thor, ele é todos os super-heróis que têm força, tem uma força fora do comum. Gosta muito de brincar, de escrever, de ler, contar historinhas. Ele conta histórias de forma encantadora, todos entendem o conteúdo. Adora fazer exercícios, jogar, fazer atividades recreativas, praticar judô, já está na faixa cinza. É com a força desse super-herói que o Farol homenageia todos os portadores de Síndrome de Down neste 21 de março, Dia Internacional da Síndrome de Down.

A trajetória de desenvolvimento de Salomão foi contado ao Farol pela fonoaudióloga Núbia Karina, 43 anos, mãe de Salomão, Santiago e Rafaela. O diagnóstico veio logo após o parto e a pediatra identificar algumas características, foi uma surpresa para a família, no entanto, foi tranquilo. Salomão foi bem recebido por todos, a única preocupação da família era como as pessoas reagiriam, uma vez que o preconceito ainda é latente na sociedade. Muitas famílias ainda resistem à aceitação.

”A negação sempre vai acontecer, principalmente da família que não está preparada, não sei se é porque já trabalhava com criança com deficiência antes de Salomão. Pelo fato de ser fonoaudióloga, já trabalhei numa clínica só de criança com deficiência em Recife, depois voltei para cá. Eu já via isso muito natural, Salomão tem uma deficiência, mas ele não é muito limitado, cada um tem sua limitação e ele tem a dele. As pessoas idealizam um filho e não se preparam para essas questões que possam vir acontecer”, afirmou Núbia, continuando:

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”Eu cresci mais quando Salomão nasceu, minha vida melhorou, cresci como pessoa. Mesmo não tendo sido preparada e por ter tido um choque, percebi o amor dele, o jeito dele torna a gente mais humana porque a gente começa a valorizar pequenas coisas. Eu não tenho pressa com ele porque está bem entrosado em casa, na escola, no judô, nas atividades extracurriculares, adora festa, brigadeiro. Para mim é natural, para outras pessoas também, mas a gente ainda ver muito preconceito na sociedade. Que as pessoas tenham um pouco mais de empatia, de amor ao próximo.”

TRAJETÓRIA INCLUSIVA

Salomão sempre fez acompanhamento de estímulos e por opção da mãe, iniciou a trajetória escolar na Escola Nima Neném após começar andar com 1 ano e 7 meses. Ele se adaptou muito bem na escola, passou um ano, depois foi para a Nova Geração, em 2020 ele não estudou por conta da pandemia, não aceitava muito as aulas online e desde 2021 está estudando na Escola Literato, onde também foi bem aceito.

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”Ele se desenvolveu bastante na Literato, tem mediador, a escola se adaptou bastante em relação às crianças com deficiência, investiu. Este ano, ele continua com mediador e é muito bem-adaptado. Até 2020, eu era coordenadora de mediação escolar no município, então eu via a luta das famílias em busca de uma inclusão de verdade. A gente ver que hoje já está bem melhor e a escola que ele estuda é maravilhosa, tem acompanhamento dentro de sala de aula e fora de sala de aula”, disse Núbia, continuando:

”Ele é muito bem incluído, participa das aulas de inglês, a maior dificuldade que eu vejo é a questão da comunicação que ele tem uma limitação na fala, mas se comunica muito bem. Todo mundo compreende o que ele fala, ele dar o recado bem direitinho, mas ainda tem uma dificuldade de fala. Ele participa de aula de robótica, mexe com computador, mexe com celular, liga para mim, liga para a avó, para os primos. É uma criança que você não passa vexame em canto nenhum em relação à comunicação.”

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Segundo a mãe de Salomão, o super-herói é puro amor e esse amor mudou sua vida e a faz perceber que ele é uma criança normal dentro das limitações dele. Não trata ele diferente dos outros filhos. ”Não é porque tem Síndrome de Down que é coitadinho. Salomão tem hora de dormir, faz tudo, ele tem regra. A gente tem que começar a tratar e ver isso de forma mais natural. Mesmo não tendo sido preparada percebi o amor dele, o jeito dele torna a gente mais humana Para mim é natural, para outras pessoas também, mas a gente ainda ver muito preconceito na sociedade. Que as pessoas tenham um pouco mais de empatia, de amor ao próximo.” concluiu.