Bom dia, boa tarde e boa noite sagrados leitores desta nau desgovernada chamada Farol de Notícias. Ops! Desgovernada no bom sentido. Só eu e meu assessor para assuntos genéticos, meu filho Giovanni Alves, aguentamos tamanha responsabilidade. Vocês nem imaginam como é trabalhoso deixá-los bem informados a cada dia fazendo jornalismo de verdade por aqui. Entretanto, é muito prazeroso. No ínicio do FAROL tive uma conversa com o “papa” Magno Martins e nunca esqueci uma de suas frases: “blog é escravidão”. E ele está certo. No entanto, já dizia outro célebre colunista: “nós sofre mas nós goza” !!!

“Noves fora nada”, quero justificar o retorno do Chico Preá às páginas do FAROL. É que Chiquim está altamente ‘onlinizado’ (de online) e, por isso, internacionalmente lido. Na Rússia, por exemplo, Chico Preá se escreve assim: “CPRIG PRUPRT “. Gostaram? Não queiram saber como se escreve Barrufa. Pois bem. O caso eu conto como o caso foi. A pior seca dos úttimos 30 anos fez com que finalmente o Preá abrisse o verbo. Principalmente, depois que o “Galeguin do zói azul”, Eduardo Campos, anunciou que os carros-pipas seriam monitorados na base do GPS. É minha gente, uma seca altamente tecnológica e de primeiro mundo.

Fui dá uma espiada no show de Vicente Nery, lá em Santa Rita, só para “apiruar”. Na realidade, fui na esperança de colher alguma notícia para vocês, meus poucos e fieis leitores. Peço desculpas porque só aguentei ficar até a terceira música. Entretanto, respeito de coração àqueles que apreciam o remelexo do cabeludo. Pois bem. Acabei dormindo na casa do Chico Preá, em Àgua Branca, também com o objetivo de pescar notícia. A coisa é feia. Se eu não conseguir pelo menos seis matérias por dia para o FAROL o meu sócio me bota para fora do meu próprio negócio. Tem jeito? É jogo duro, como diz bem um desconectado.

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“Noves fora nada” e comendo pelas beiradas, a seca em Água Branca está pior do que vocês possam imginar. Solo esturricado, pasto dizimado, rebanho esfalecendo, barreiros secando e por aí vai. Para que possam ter uma idéia, o café da manhã do nosso filósofo recebeu o complemento curioso: xixi da cabra Cornélia. Chico Preá recolhe uma parte do líquido na noite anterior e o mesmo xixi vem passando por um processo de osmose transversa serenal: ou seja, dorme no sereno que é para as bactérias fugirem, ele diz. Quando a coisa fica feia, é só dá uma golada. Se eu tiver mentindo eu grelo!

Após o saudável café da manhã, saimos pela caatinga rumo ao berço sagrado da turma de desnaturados, o velho umbuzeiro, que ainda está de pé. Aos poucos foram chegando os velhos e bons amigos. Um por um. Tonho Pé-de-Bomba,  Manezin Patola, Barrufa, Chico de Mané de lero, Beroaldo… Marcamos uma plenária importante para discutirmos alternativas de abastecimento. Apesar do assunto ser tenebroso, a alegria da turma era ter um dia de chuva forte e de passarinho cantando por conta disso. Todos tinham lamentações, estavam sem alternativas. Afinal, exceto os carros-pipas, nenhuma ação governamental saiu do papel.

Eis que Beroaldo lembrou-se que estava para passar, rumo a Santa Rita, um carro-pipa que seria levado para a construção das casas de taipa do prefeito Carlão. Foi quando o “revolucionário” da cacimba propôs um assalto ao carro-pipa das casinhas. “Se num passado teve um assalto àquele tal de trem pagador, porque nós num pode assaltar um ‘litin’ d’água só? As ‘casinha pode esperar’. É de rocha ou não é?”, atiçou Preá, recebendo a  aprovação de todos. Um ruído cresceu debaixo do pé de umbuzeiro e no fim terminou em um: “ééééééééé!”. Por favor, não confundam com bééééééé!

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O caso eu conto como o caso foi. Todos pegaram bornais, petecas e espingardas soca-soca descarregadas para assaltar o carro pipa. O negócio era a água, o resto era fuleragem. Amoitados em pleno sol das 11h (entrei neste meio também, o que não faço por vocês), avistamos o carro-pipa, que se aproximava devagar. À medida que ele ‘se chegava’ Barrufa ia ‘fungando’ alto, nervoso tal qual um barrão no cio. Ele estava armado com 40 cabaças. Tinha cabaça até nas orelhas. Ao subir da ladeira o grito foi dado: “ATACAAAARR!!!”. E do meio da caatinga rasteira saiu um ‘mói’ de macho desesperado e com sede. 

– Mais que peste é isso, bradou o motorista, freando e já rendido. O filosófo Chico Preá, na sua sabedoria, verificou primeiro a carga, desceu do carro e deu a ordem.

– Este caminhão está sob o poder da FASAB! Forças ‘Armada’ da Seca de Água Branca. Pronto, lascou-se! Essa água aí não vai para as casinhas do prefeito Carlão, não. Ela vai matar a sede dos bichos da gente aqui e encher nossas cisternas. Dou meu reino por um galão d’água, menos o caneco!

 A coisa tomou rumo incerto após a resposta do motorista:

– Este carro está montado ‘cum’ tal de GPS. Se vocês pegarem ele assim, até a mãe de patanha vai saber quem foi. É tecnologia do governo, parece que ativada pelo cheiro. Foi quando todos se olharam com espanto um para o outro e disseram: Arriégua!

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Manezin Patola resolveu interrogar:

– E que peste é GPS? Se o cabra ‘tumá’ banho pra perder o cheiro, ele ainda pega? Depois disso, houve um breve e sepulcral momento de silêncio. Todos se olharam novamente desconfiados. Para quebrar o gelo, o motorista do pipa, decidiu responder:

– Pode ser que o GPS tenha parentesco com o Gervásio Pereira da Silva. A gargalhada foi geral. Por coincidência, Gervásio era o sacristão da vila. Um senhor famoso, só que na arte de levar chifre da esposa.

– Se é de cumpade Gervásio então é do povo. É ou não é, pessoal? incitou o filósofo Preá. Em seguida, o caminhão foi desviado mesmo para Água Branca e a água distribuída para toda a população do distrito. Terminamos felizes tomando cachaça com o motorista do pipa debaixo do umbuzeiro. Agora, ‘cá pra nós’, se não explicarem direitinho para que serve este tal de GPS, eu não me responsabilizo por futuros assaltos em pipas que passem por Água Branca. O caso eu conto como o caso foi, pessoal.

 Um abração e até a próxima!

Só agora, com a internet, consegui tirar algumas fotos da minha aventura em Água Branca:

EIS AI O NOSSO UMBUZEIRO, LUGAR SAGRADO PARA CHICO PREÁ

 

PREÁ OBRIGOU O MOTORISTA DO PIPA A DOAR A ÁGUA À POPULAÇÃO DE ÁGUA BRANCA
A CABRA CORNÉLIA POSA PARA A FOTO, AO FUNDO, O QUINTAL DA CASA DO PREÁ