Fotos: Acervo da família

Publicado às 05h13 desta sexta-feira (27)

Autista de 17 anos descobre o interesse e talento na pintura de telas durante a pandemia e em apenas 2 meses produziu 34 obras. A produção artística do serra-talhadense Felipe Soares Santana deu origem a uma bela exposição e um leilão online organizado pela a Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (APAE), instituição filantrópica a qual ele é atendido. A exposição aconteceu dia 10 de novembro e 11(dia do seu aniversário) de novembro e foi um sucesso. Todas as telas foram vendidas, inclusive, para Portugal e Chile.

Felipe é filho de Dr. Neyton Santana e Dr. Patrícia Santana. Estudou no Colégio Francisco Mendes até o 9º ano, atualmente estuda no Colégio Primeira Classe. Segundo a mãe, o jovem tem um Autismo que não permite ter conversas, ele tem Ecolalia. Felipe responde, tem fala espontânea, mas não sabe iniciar uma conversa. Isso não quer dizer que ele não compreende tudo que está sendo dito, mas se expressa da sua maneira. Quando perguntamos algo, ou repete a pergunta ou usa uma frase que ele já ouviu antes, mas vem sendo acompanhado por Socorro Rocha, fonoaudióloga, e outros terapeutas  desde dos 2 anos.

A descoberta do interesse pela pintura para Felipe se deu após a pandemia com uma atividade de Arte solicitando fazer uma pintura que expressasse a beleza. Os irmãos Tomás, 19 anos, e Marília, 20 anos, pensaram em fazer um quadro da família, mas a mãe disse: ”pense bem, seu irmão adora o mar, então a beleza pra ele é o mar. Na época, ele passou uns dias na casa do tio Nildo, em Tamandaré. Ele adora ficar no mar, desde criancinha, ele adora ficar na água”, disse Patrícia Santana.

Daí surgiu a primeira pintura produzida por Felipe, com a ajuda dos irmãos. O obra chamou atenção e emocionou muito a família. Dr. Patrícia relatou que o interesse por jogos foi um incentivo para alavancar as produções. Ele queria comprar um jogo, mas o dinheiro que tinha não era suficiente. ”Perguntei pra ele: Felipão, você quer trabalhar? Se você quiser trabalhar mamãe ajuda você e você ganha dinheiro para comprar o jogo. Você quer pintar?” disse acrescentando:

”Então, final de agosto, ele começou a pintar com algumas ideias, sempre com ajuda. As inspirações são minha e dele. Eu escolho algumas imagens e mostro para ele e pergunto qual você quer, ele olha diz: ‘essa aqui’. Ele escolhe e a partir dali dá a interpretação dele. Quando surgiu a ideia do leilão, pensamos em porque não não favorecer a APAE e levamos a sugestão a Silberto e Danilo (da APAE) e eles abraçaram a ideia e as 34 telas produzidas em apenas 2 meses foram todas vendidas.

ARTE PARA O MUNDO

As vendas do leilão geraram um montante de R$ 6 mil, desse valor R$ 3.500 foi doado à APAE. Dentre o destino das telas compradas destacam-se, 2 telas que foram para São Paulo, 1 para o Chile, 1 para Portugal. Também foram vendidas obras para os municípios de Tabira, Belo Jardim, Recife, e Petrolina e as demais encontraram patronos de Serra Talhada. O sucesso da exposição e do leilão gerou motivação para pensarem numa provável edição para 2021.

”O leilão foi muito bom. Na hora que ele entrou que viu o banner com o nome dele, que olhou e viu os quadros dele expostos os olhos brilharam. Além da questão da doação à APAE, trazer para cada mãe, cada pai de uma criança especial  a esperança e o incentivo de que com empenho, carinho, firmeza nos propósitos a gente pode guiar essas crianças e torna-los jovens que podem se expressar, que podem almejar um futuro. Me sinto muito gratificada por tudo isso” disse Dr. Patrícia, acrescentando:

”A principal intenção dessa matéria é inspirar e dá esperança, para chegar àquelas mães que vivem na escuridão da incerteza e que não tiveram oportunidades como eu, mas se Deus quiser vai ter, vai tocar aqueles que podem mudar a realidade de acesso à profissionais de saúde para o diagnóstico precoce, da conscientização dos gestores, para organização e a possibilidade de dá  capacidade dessas famílias cuidarem de seus filhos, para garantir aos professores treinamento para poder dar atenção especializada. Que Serra Talhada seja um exemplo de como se tratar uma pessoa que é igual a qualquer outra” finalizou.

Primeira obra de Felipe Santana

Com Danilo Souza, Coordenador Adimistrativo da APAE

Apoio de Rosa da Sutil Arte

Obra sendo entregue pelo tio Nildo ao chileno

Família Santana