Fotos: Farol de Notícias/Manu Silva

Publicado às 14h28 desta sexta-feira (29)

Nesta sexta-feira (29) é comemorado o Dia Nacional do Livro e para celebrar a data o Farol de Notícias revela a história do professor Dierson Ribeiro, 59 anos, que aos 12 anos ganhou o seu primeiro livro de história e até hoje monta o seu próprio acervo com milhares de livros de todas as categorias. A paixão que começou pela curiosidade e ainda hoje se perpetua dentro do seu ser é sua válvula de escape e também seu exercício diário contra os efeitos do Alzheimer. O mestre transformou a sua residência, no bairro São Cristóvão, em uma biblioteca e um pequeno museu com peças raras.

Quando garoto Dierson Ribeiro tinha o sonho de ser engenheiro, mas em Serra Talhada não tinha o curso e nem ele tinha condições de morar em Recife. Um dia sua mãe o instigou a prestar o vestibular para professor, mas ponderou que não queria ser professor de jeito nenhum, ficou matutando a ideia até que decidiu cursar Letras, escolheu o curso pelo amor pela leitura, mas afirma que faria matemática também porque gostava muito de cálculos.

DA CURIOSIDADE DE CRIANÇA AO ESTILO DE VIDA

O seu pai que era um homem engajado na cultura serra-talhadense e também tinha escritório montado dentro de casa onde guardava um pequeno livro de conferência do centenário de Serra Talhada. Dierson com 12 anos, malinando nas coisas de seu pai, encontrou o livro e começou a ler por curiosidade. A leitura lhe prendeu a ponto de não perceber o pai chegando e avaliando a situação, mas ao ver o menino tão preso a leitura o pai não o castigou e sim deu o livro de presente. Com isso começou sua paixão, até hoje guarda esse livro com muito carinho, livro esse que mais foi uma porta de abertura para toda a sua história.

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“Meu pai era correspondente do INPS (atual INSS), ele respondia pela entidade nos 16 municípios aqui da região do Pajeú, na minha casa tinha um escritório com todos os apetrechos, um dia sentei lá abri uma gaveta e encontrei um livro que tinha assim: Serra Talhada: uma conferência pronunciada no dia 6 de maio de 1951, achei curioso e fiquei lendo, meu pai entrou no escritório e eu já pensei que seria castigado, ele me olhou sério e disse ‘Gostou do livro?’, eu respondi que sim e ele disse ‘é seu’, eu fiquei todo fofo”, explicou, acrescentando:

“Na área de história que é a minha paixão, porque eu sempre digo que casei com Letras e arrumei uma amizade séria com História, foi o meu primeiro livro na área de história e de livro didático foi um livro de admissão ao ginásio, porque antigamente fazia uma prova para entrar no primeiro ano ginasial, meu irmão que morava no Recife enviou para mim e a partir daí eu continuei”.

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A LITERATURA EM SUA VIDA

Foi no primeiro ano do ensino médio que o amor pela literatura foi despertado. Teve como professora Olívia Barbosa, de português, muito respeitada na cidade que apresentou de imediato a literatura brasileira. Ele ainda relata que depois de passar por problemas de saúde a leitura é o que lhe faz bem em vários aspectos, inclusive em retardar os efeitos do Alzheimer que ele vem desenvolvendo. Já são milhares de livros lidos e colecionados em sua casa, mas não existe excesso quando de trata de leitura para Dierson.

“Minha relação com a literatura se iniciou no primeiro ano do ensino médio, com a professora Olívia Barbosa, eu nunca tinha tido alguém que estimulasse, que trabalhasse detalhadamente as questões literárias, sempre passavam textinhos e com ela já foi para valer mesmo, a partir daí eu peguei esse gosto pela literatura. Eu não tenho ideia de quantos livro eu já li, mas a não ser de coleção, eu só coloco naquela prateleira livros lidos, atualmente estou lendo 4 livros. Eu nunca deixei de ter o hábito da leitura e é por isso que estou vivo, porque os problemas de saúde que tenho, se não tiver em atividade eu posso regredir, tive um AVC isquêmico, que danificou metade do meu cérebro, por conta disso venho desenvolvendo Alzheimer há um certo tempo, o meu hábito de leitura tem freado o avanço da doença, se não eu nem sei como estaria”, detalhou.

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30 ANOS DE DEDICAÇÃO 

Foram 30 anos dedicados à educação, professor, diretor, dono de escola. Amava estar em sala de aula, sua biblioteca particular já ajudou muito de seus alunos que muitas vezes iam para lá fazer trabalhos e pesquisas. Tanta leitura também lhe despertou o seu lado escritor, são crônicas, poesias e máximas escritas por ele, atualmente tem dois livros completos e mais um no forno. O seu amor e dedicação por livros é inspiração para todos que convivem com ele.