Da Folha de PE

A mortalidade materna e a situação das maternidades públicas do Recife, foram temas de audiência pública, realizada nessa terça-feira (13), na Câmara de Vereadores. Desde 2012, a taxa de mortalidade materna aponta uma tendência de crescimento preocupante.

Em 2015, a capital registrou 22 mortes maternas. Aplicando-se a proporção, o número significa uma taxa de 93 mortes por 100 mil partos realizados, bem acima das 35 mortes/100 mil partos, índice considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo dados da Vigilância Sanitária, em 2018, até o momento foram registrados 18 óbitos maternos, o que desperta a discussão sobre ações efetivas que possam minimizar as causas que levam a morte destas mulheres.

“Essa realidade é ainda mais severa quando fica constatada que a taxa de mortalidade se concentra nas mulheres negras. Os óbitos maternos de mulheres negras, sem renda ou em trabalhos precarizados, são três vezes mais frequentes, em relação às mulheres não negras”, afirmou o vereador Ivan Morais (PSOL), que presidiu a reunião.

Veja também:   Governo federal vai financiar reconstrução da ponte em Baltimore

A representante da Rede de Mulheres Negras, Cristina Nascimento, disse que “enquanto não tratarmos a questão do racismo institucional como sendo um dos fatores da violência obstétrica, nós não barraremos a mortalidade materna. No momento do parto, ainda há crença de que a mulher negra aguenta mais dor e isso faz com que não se aplique anestesia ou que a dosagem seja menor”, criticou.

O secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, reconheceu que há uma tendência de crescimento nessas mortes, mas que a Prefeitura mantém permanentemente ações de qualificação profissional e estrutural.

“Nós temos o exemplo do Hospital da Mulher do Recife, em que 10 mil recifenses já nasceram lá. O equipamento vem se consolidando como referência em parto humanizado. Já as maternidades existentes na rede vão receber novos investimentos no ano que vem”, afirmou.