A vida dos jovens operários Pedro Silva, 22 anos, e Leornado de Souza, 19, que residem na zona rural de Serra Talhada, deu uma reviravolta no último dia 3 de setembro, quando foram presos como suspeitos do assalto ao malote do supermercado Servilar, localizado no Centro da cidade. Eles contam que foram detidos por policiais militares e, em seguida, levados a Delegacia, onde sofreram maus tratos, como tapas no rosto e ameaça psicológica.

“Eles queriam que eu falasse aonde estava o meu irmão, que é ex-presidiário, mas eu não sabia. Levei um tapa no rosto e me levaram para viatura. Quando entrei, colocaram uma bolsa no meu colo dizendo que existiam granadas ali e que, por isso, eu não podia me mexer. Foi humilhante demais, pois sou inocente e sou trabalhador”, alega Pedro Silva, dizendo que chegou na delegacia por volta das 18h30 e ficou até às  23h.

“O pior foi ver, no dia seguinte, o meu nome e o de Leornado no rádio e na televisão, presos como formadores de quadrilha. Eu me sinto humilhado por isso, porque foi uma irresponsabilidade muito grande de todos que nos trataram assim. Hoje, estou tendo que escutar meus amigos dizerem que viram meu rosto na TV”, lamenta Pedro da Silva, que veste camisa preta na fotografia acima.

Eles procuram a redação do FAROL DE NOTICIAS afirmando que pretendem processar o Estado pelo comportamento arbitrário da Polícia Militar. “Acho que isso dá danos morais. Os reais suspeitos estão presos, mas a polícia não disse nada. Sequer nos pediram desculpas. Pretendo fazer justiça e tirar o meu nome e o do Leornado do arquivo policial”, disse Pedro da Silva, recebendo o aparte colega. “O que nós passamos ninguém merece”, relembra, sentindo-se humilhado.

O OUTRO LADO

A reportagem do FAROL conversou com o major  comandante do 14º Batalhão de Polícia Militar (BPM), Marcondes Inácio da Silva, que negou as denúncias de maus tratos. “Dsconheço este assunto até porque não chegou nenhuma queixa ao nosso batalhão. Estava pessoalmente nesta operação e em nenhum momento a PM utilizou de maus tratos”, rebateu o oficial, afirmando que a ocorrência na delegacia contou com a presença de um advogado dos suspeitos. O major também negou a versão de ameaça com supostas granadas. “Não andamos com granadas por aí. Isto não funciona assim”, assegurou. O comandante do 14º BPM finalizou dizendo ser natural que os jovens queiram buscar a Justiça e processar o Estado.