Por ‘Felipão’, faroleiro

Serra Talhada, eleição de 78. Um comerciante de sucesso natural de um pequeno distrito da cidade resolve ser candidato a vereador para representar seu humilde povo. Deu feira, deu cimento, deu caixa d’água, deu tudo. Estava do lado do prefeito e com o governo temendo um avanço maior do MDB no estado bombou as prefeituras.

Era homem calmo e tímido. Seus filhos eram todos “doutores” e apoiaram sua candidatura. O único problema e que o homem não falava. Mas não era mudo não. É que ele falava muito pouco e os seus eleitores ficavam em conversa de esquina reclamando que o homem não falava. Teve um comício em seu povoado e ele não discursou. O povo foi embora chateado. E a pressão aumentando.

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Meses depois o último comício da ARENA na zona rural caiu novamente no seu povoado. Todos falaram e ele ficou por último. Não queria falar. De tanta raiva pela pressão do povo ele pegou o microfone e então, enfim, começou o seu discurso:

– Diz o povo que eu não falo, mas olhe eu aqui falando.

Tomaram-lhe o microfone. Acabou o comício. Perdeu a eleição. Nunca mais foi candidato. Alguns de seus votos migraram para uma nova liderança do povoado na eleição seguinte. Anos depois morreu. Seus filhos nunca entraram na política. E aprendeu a lição. Na política ou você fala ou o povo fala.