Manu

Por Emmanuelle Silva, militante dos direitos humanos, professora e redatora/repórter do Farol de Notícias

Nesta segunda (7), o FAROL DE NOTÍCIAS publicou um dos casos de violência contra a mulher mais revoltantes já vistos em Serra Talhada. Uma jovem estudante teve sua residência invadida, foi agredida e violada da forma mais brutal que uma mulher pode ser. A violência logicamente se tornou caso de polícia, o suspeito foi encontrado e levado à delegacia. A crueldade deste ato será punida com a imensa coragem da jovem de denunciar seu agressor. Por mais lógica que seja a ação, para uma mulher invadida dessa maneira, a denúncia é uma demonstração de força.

Imaginem a fragilidade de uma mulher violentada se deslocar para uma delegacia, responder diversas perguntas, ter de relembrar o acontecido, passar por exame de corpo de delito e lhe apontar o monstro que lhe agrediu. Nós mulheres somos mais guerreiras do que imaginamos. Mas a minha principal preocupação é como essa mulher é acolhida no momento da denúncia? Como um profissional poderá dar um atendimento adequado a um caso se não é preparado para aquilo? Precisamos de uma Delegacia da Mulher e mais mulheres da Polícia Militar e Civil urgentemente.

Veja também:   Estudante de ST não resiste e morre após AVC

Não queremos afirmar que o efetivo desses comandos que atua na cidade são incompetentes, não é esse o ponto. Mas já imaginou 17052014135506uma Delegacia da Mulher repleta de homens nos cargos de chefia? Os mesmos policiais com o treinamento machista, militarista e agressivo atendendo as mulheres? Não duvido muito que isso possa acontecer. Acreditamos em empoderamento e protagonismo para as mulheres em todas as instituições, do contrário a delegacia seria como o Partido da Mulher Brasileira (PMB), que tem como presidente em Pernambuco, Jamerson Dias. Meio contraditório, não?

Como se não bastasse os homens falarem conosco em nossos ambientes de trabalho como se não entendêssemos das coisas. Como se já não fosse suficientemente assustador ser mulher em uma sociedade tão machista e patriarcal. Como se não bastasse temer sair na rua sozinha e evitar trechos escuros, morrer de aflição e medo de estupro, agressão física e as centenas de agressões psicológicas que sofremos todos os dias. Como se não bastasse ser mulher em uma sociedade machista ao ponto de se quer reconhecer que é, não temos representatividade e protagonismos nos próprios órgãos criados para nos representar. Homens na luta de gênero, talvez, se realmente tiver discernimento para a causa.