Escrevo estas mal tecladas linhas fortalecendo o meu escudo espiritual ciente de que posso ser bastante criticado pelos dois lados: (como batizaram os próprios faroleiros) pelos “sebaxarias ” e “bodexeiros”. Mas emito essa avaliação por necessidade individual de sentir que, mesmo após os reclames das urnas, a acirrada disputa em Serra Talhada não acabou. Está só começando. Digo isso em função de entrevistas que escutei pelo rádio nos últimos dois dias e observei como está aceso ainda o rancor e a fúria nos discursos de alguns atores políticos.

Primeiro, quem lançou a âncora de uma nova oposição na cidade foi o candidato derrotado Sebastião Oliveira (PR), nesta semana. E o fez com propriedade, apesar de ter transpirado mágoa ao parecer colocar em xeque a Justiça Eleitoral de Serra Talhada. Em sua defesa, ‘Sebá’ declarou que o prefeito Carlos Evandro “navegou num mar de tranquilidade durante oito anos porque não teve oposição”. Na mosca! A pessoa que poderia ter se fortalecido politicamente combatendo os relapsos da gestão carlista era o ex-prefeito Geni Pereira ao deixar o poder. Mas o que ele fez? Se aliou ao prefeito.

Agora, pergunto de novo: o que fez o deputado Augusto César nestes oito anos? Silenciou e jogou fora a oportunidade de se tornar outra grande liderança oposicionista, se deixando cooptar pelo seu principal adversário politico. E o que fez o próprio Sebastião Oliveira? Usufruiu da dupla Carlos e Luciano num mutualismo político que lhe foi suficiente para garantir sua reeleição em 2008. Portanto, o mar é de contradições e não de oposição.

Neste sábado (13) escutei outra entrevista de um candidato a vereador que me pareceu o retrato fiel de que falta ainda um líder com voz coerente para guiar a oposição em Serra Talhada. De maneira histérica, o então paladino da pós-derrota oposicionista não disse coisa com coisa, ou melhor, arriscou-se em dizer e desbancou para um niilismo verborrágico usando termos do tipo: “peste e cão dos infernos” para criticar o prefeito eleito Luciano Duque. E, de praxe, ressuscitar o chamado “escândalo do bode”.

Confesso que fiquei preocupado ao ouvir tal intervenção, uma vez que não enxergo, também na Câmara de Vereadores, um mínimo rastro de oposição respeitosa e propositiva: que aponte erros, mas de forma cirúrgica, sem niilismos e verborragias pequenas. Portanto, conclamo o deputado Sebastião Oliveira que assuma de uma vez a liderança desse time e que o guie. Caso contrário, “seres periféricos”, na ânsia de tornarem-se protagonistas, poderão transformar o incipiente bloco oposicionista em nossa cidade num eterno grupo movido por dores pessoais, como uma espécie de Hidra de Lerna que expele fogo da garganta, mas quase sempre acaba queimando a própria língua.