ManuPor Emmanuelle Silva, militante dos direitos humanos, professora e redatora/repórter do Farol de Notícias

Como foi curioso ver a histeria cibernética de diversos usuários da rede social WhatsApp com o anúncio do bloqueio do aplicativo por uma determinação judicial. Os internautas buscaram consolo em outras redes como Facebook, Instagram, Twitter, Snapchat etc; burlaram o sistema compartilhando diversos subterfúgios para destravar o bloqueio com outros aplicativos; ou ainda simplesmente procuraram outra rede social com as mesmas funções que o ‘zap’. Do desespero da falta de um meio de comunicação, os usuários foram a traição ao vício no aplicativo e pior, distribuíram uma aula de corrupção. Com uma coisa tão pequena, para alguns parecia mesmo que era o fim do mundo.

A propósito: a apologia bíblica é mera coincidência lexical, não vou falar de religião, estou pensando as mídias e o social. Há um sociólogo polonês que fala sobre uma ‘modernidade líquida’, onde nada mais é de fato concreto na atualidade, o tempo e o espaço estão fragmentados, o individual predomina sobre o coletivo e o ser humano é guiado pela ética do prazer efêmero. As pseudo-propostas de integração, de aproximação e reunião que as redes sociais nos passam, são como um simulacro da vida real e que inclusive tem nos feito substituir e/ou confundir realidade não-virtual e realidade virtual. Até a corrupção está muito bem adequada para o espaço da internet.

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É de se indignar mesmo, como a rede social que hoje supre (alguns de maneira meio torta) as funções de tantoscomo-saber-se-alguem-me-bloqueou-no-whatsapp
profissionais poderia ficar dois dias bloqueada? No WhatsApp hoje tem de tudo, é médico passando receita, ‘jornalista’ apurando notícias (checar com fontes oficiais que é bom? Necas!), cabeleireira marcando cliente, pizzaria fazendo pedidos para entrega, marqueteiro anunciando festa, fofoqueiras de pé de porta se atualizando nos grupos. E os grupos de políticos, sangue de Cristo… é confusão que só a moléstia. No fim do dia tem mais de mil mensagens, seu celular travando e você sem saber está participando de 50 grupos com pessoas que nunca viu na vida.

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O povo fez um drama danado por 48 horas sem ‘zap zap’ e o danado num ficou nem 24 horas direito e o outro juiz paulista já liberou. Não que isso seja corrupção, mas é muito barulho por quase nada. Vejo como corrupção, por exemplo, pré-candidato a prefeito dizer aos seus prováveis eleitores que recebam dinheiro de todos os políticos que pagarem pelo seu voto, mas votem em quem quiserem. Se isso não for insinuação a corrupção, não sei o que é. As pessoas aceitam esse dinheiro? Aceitam! É certo? Claro que não! Há certos valores que se cultivados hoje não se tornarão fluídos no futuro e corrupção por menor que seja é corrupção. Isso sim deveria ser fim do mundo.