Segundo a mitologia grega, as sereias habitavam os rochedos entre a ilha de Capri e a costa da Itália. Eram tão lindas e cantavam com tanta doçura que atraíam os tripulantes dos navios que passavam por ali. Seduzidos, os tripulantes ficavam perdidos sem rumo e a acabavam colidindo com os rochedos e terminavam no fundo do mar junto com a embarcação.

Pois bem, essa passagem mitológica é uma síntese do que deve acontecer com o ex-prefeito Carlos Evandro (sem partido) e o seu grupo político se porventura vierem a cair nos encantos e cantos feitos pela “sereia” Eduardo Campos (PSB). A ideia do governador ao convidar o ex-prefeito para se filiar ao PSB, nada mais é do que uma estratégia para desestabilizar o PT nas cidades onde o partido se apresenta com mais força.

O objetivo de Eduardo é construir uma alternativa política em nível nacional que se contraponha ao modelo adotado pelos petistas. E para que esse projeto decole é preciso minar a forças do oponente no estado onde governa. Um exemplo disso foi a rasteira que ele deu no PT, em Recife, nas últimas eleições municipais. É importante lembrar que ele foi um dos que mais incentivaram as brigas internas na legenda.

Outro fato importante é a antipatia que o governador tem por Carlos Evandro, sentimento construído na eleição de 2006, quando Carlos, na época prefeito de Serra Talhada, não o apoiou para governador. Sem contar que Dudu foi o responsável direto pela construção do palanque que deu sustentação à candidatura do deputado Sebastião Oliveira (PR) a prefeito em 2012, além de ter promovido a histórica união entre os deputados Inocêncio Oliveira (PR) e Augusto César (PTB).

“Essa passagem mitológica é uma síntese do que deve acontecer com o ex-prefeito Carlos Evandro (sem partido) e o seu grupo político se porventura vierem a cair nos encantos e cantos feitos pela “sereia” Eduardo Campos (PSB). A ideia do governador ao convidar o ex-prefeito para se filiar ao PSB, nada mais é do que uma estratégia para desestabilizar o PT nas cidades onde o partido se apresenta com mais força”

Toda essa estrutura montada por Eduardo foi derrotada com ajuda imprescindível de Carlos Evandro. No PSB o espaço para Carlos Evandro será limitado, até por que as prioridades do governador na região serão a eleição para Câmara dos Deputados de Anchieta Patriota (PSB), que é um amigo de longa data, e a re-re-reeleição (a palavra é escrita assim mesmo) do deputado Inocêncio Oliveira (PR). O que restará para o ex-prefeito será ostracismo político.

Na Grécia Antiga ostracismo era uma forma de punição política empregada inicialmente pelos atenienses. Significava a expulsão política e o exílio por um tempo de 10 anos. No outro extremo da história está o prefeito Luciano Duque (PT), que pelo andar da carruagem deve procurar consolidar as suas raízes políticas e administrativas junto ao PT, assim como deve tentar usar a sua condição política para influenciar na escolha partidária do seu padrinho.

Enquanto não chega a hora de assinar a ficha de filiação ao PSB, o ex-prefeito Carlos Evandro poderia fazer como Odisseu, personagem da Odisseia de Homero, que conseguiu salvar-se do encanto das sereias colocando cera nos seus ouvidos e dos seus marinheiros e os amarrando ao mastro de seu navio, dessa forma ele evitou a sua morte e a de seus serviçais.

Um forte abraço a todos e a todas e até a próxima!