Exposição AlejandroPor Alejandro García, fotógrafo e repórter fotográfico do Farol de NotíciasFotos: Alejandro GarcíaEm princípio me vejo obrigado a alertar que este texto não trata de uma denúncia. É uma simples reflexão pessoal. Então quem tenha expectativas alarmistas pode desistir, que não vai encontrar sinais de alarme na leitura. Gosto de andar, porque é minha forma de viajar. Pelas ruas vou deixando os pensamentos aparecerem e, com pouca demora, faço pequenas reflexões sobre o que me vem à cabeça. Uma das ruas que mais transito é bem próxima ao FAROL. Nela há uns anos inaugurou um comércio de roupas e foram colocados vasos grandes na calçada, com umas plantas bem singelas. Sem grandes pretensões.

Esse detalhe das plantas fazia a passagem pelo local mais agradável. Aparecia uma sensação de que alguém se preocupava pelo espaço que os outros usam. Numa cidade que a coisa pública, particularmente o espaço, é pouco respeitado, aí aparecia algo diferente. São poucos metros, mas a dose homeopática funcionava. Compensava a tristeza de ver o escasso cuidado com a beleza do que outros usam.

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Compensava a sensação de subir ao bairro Bom Jesus e ver aquela estátua de Jesus, que é mais que um ato de redenção, parece uma heresia. Compensava a sensação de ver o busto do Padre Jesus mais humilhado que reverenciado. Compensava a sensação de ver o monólito de Seu Lorena destruído sem esperanças ou virar árvore de Natal, sem nenhum respeito pelo doador. Figura ilustre da história da cidade, que deixou o monumento para lembrar datas de fundamental importância na formação de sua cidadania, e hoje é difícil  ler as placas.

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Nesses escassos 15 ou 20 metros se percebia o interesse da proprietária em agradar seus vizinhos, as pessoas que passavam frente ao seu comércio. Não as que iriam lhe satisfazer comprando. Isso me fazia pensar porque outros locais, também no centro, não cuidariam de suas calçadas. Não até o ponto de montar um jardim, mais pelo menos consertar, deixar cuidadas. Vejo frente à praça calçadas destruídas ou remedadas. Descuidadas, como se não fossem parte do local. Horrorosas, como muitas coisas privadas e públicas de Serra Talhada, que sofrem pela falta de carinho de quem moramos aqui.

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A cidade é nossa casa maior. Não parecem sentir assim nem os governos que tem a obrigação, a responsabilidade de alertar os vizinhos, nem os vizinhos que, com raras exceções, deixam para lá o espaço público. Parecem pensar que não é deles. E certamente é assim que pensam quando botam o lixo a qualquer hora e em qualquer lugar. Esse pensamento entra em contradição na hora de estacionar o carro. Aí o espaço público vira privado. Minha reflexão vai além disso tudo. Passa pela valoração de nossos artistas. “NOSSOS”. Ninguém levanta suas bandeiras na hora que são descriminados num evento público.

Hoje encontrei um dos vasos espatifado no chão. Os cacos espalhados na calçada. Quem quebrou o vaso foi embora sem prestar assistência, quer dizer, sem pedir desculpas. Mas uma esperança se ascendeu em mim quando a proprietária me disse que iria a colocar outro no lugar. Nem tudo é tão ruim assim, pensei.

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