Paulo César é professor e especialista em História Geral

A música sempre foi uma vertente importante na história cultural de Serra Talhada, tendo o início com a composição do Hino Oficial, “Rosa do Sertão rude e agreste, Perdida no seio do Nordeste. À margem arenosa do rio Pajeú, Entre a flor singela do mandacaru”(Trecho do Hino) que tem como autora a Professora Anália Rocha e a melodia do Maestro Luiz Benjamim. Uma das grandes baluartes da nossa musicalidade é a maestrina Rosa Pau Ferro, uma negra que nasceu em 1903 na cidade de Triunfo, e que na adolescência veio morar em Serra Talhada. Mesmo com pouco conhecimento ela se tornou uma das mais renomadas professoras de músicas da cidade, infelizmente faleceu pobre e esquecida, aos 91 anos, no abrigo Ana Ribeiro.

Outra grande referência musical é a Filarmônica Vilabelense, fundada em 29 de agosto de 1905, e que ao longo dos seus mais de cem anos vem enchendo de orgulho e mexendo com emoções de várias gerações de serra-talhadenses. Não há um serra-talhadense que não guarde na memória uma das impecáveis apresentações da Filarmônica Vilabelense durante as festividades de Nossa Senhora da Penha. Ao longo dos anos vários foram os músicos que construíram uma trajetória de sucesso em nossa cidade. Como não lembrar “Edésio e  seus Red Caps”, que nas décadas de 60 e 70 fizeram a juventude dançar e namorar ao som da “Jovem Guarda”. Não poderíamos deixar de citar o Maestro Nogueira e o Maestro Luiz Fogos que influenciam dezenas de jovens, tanto na música instrumental como na popular.

Alguns predestinados alcançaram sucesso a nível nacional, como o genial Arnaud Rodrigues, autor de várias composições e de discos de sucesso em parceria com Chico Anísio, além do grande poeta Zé Marcolino, paraibano de nascimento e serra-talhadense de coração. Merece destaque nessa relação seleta, o florense de fama internacional, o Maestro e multi-instrumentista Moacir Santos.

Mesmo sem o apoio devido, cantores com Assisão conseguiram construir uma carreira sólida e respeitada, o que lhe permitiu a gravação de 46 discos e mais de 700 composições ao longo de 50 anos de estrada. Outros de tamanho talento, mas com menores oportunidades, também marcaram essa expressiva e extensa história musical, a exemplo de Rui Grúdi, Rai de Serrat, Tico de Som, Noroba, Lila, Humberto Cellus, Carlinhos Pajeu, Leo Godoy, Bira Marcolino, César Rasec, além dos irmãos forrozeiros, Edson e Batista Lima, e a dupla sertaneja Fábio e Nando, que fazem sucesso em todo o Brasil. No que se refere ao rock à banda D. Gritos é imbatível, mesmo com uma história curta e apenas 19 músicas gravadas, o grupo ainda é muito lembrado, e as suas melodias são executadas diariamente em várias emissoras de rádio pelo país afora.

Porém, a música de Serra Talhada não seria a mesma sem os seus palcos principais, a começar pelo lendário CIST, o nostálgico Batucão, a requintada AABB, o abandonado e esquecido Coreto da Praça Sérgio Magalhães, e a romântica Concha Acústica. Nem tão pouco podemos esquecer das festas de ruas, do mega evento que se tornou a Festa de Setembro, ao inexpressivo Carnaval, da badalada EXPOSERRA, ao aconchegante São João da Estação do Forró, além do gostoso forró lá da Fazenda São Miguel. Em todos esses palcos e espaços públicos, vários homens e mulheres escreveram uma história de genialidade e de perseverança, com muito suor e lágrima, enfrentando todas as adversidades sem em nenhum momento desistir do sonho de cantar, de tocar… de encantar!  De fazer da música uma bandeira de vida, e dessa forma escreverem os seus nomes na intensa e vibrante História de Serra Talhada!