Goottemberg Mangueira é professor 

Enquanto os deputados esvaziaram a câmara para não colocar um fim na regalia do auxílio paletó, o crime organizado de São Paulo está enchendo a vida do paulistano de medo, insegurança e incerteza. Os constantes assassinatos de civis e policias ocorridos no estado, que já passam de 90, só esse ano, os toques de recolher, da forma como vêm acontecendo, tem revelado um perigoso governo paralelo que não teme a nenhuma força pública.

As pessoas vivem enclausuradas em suas próprias casas, longe de terem a proteção que o Estado deveria lhes garantir. O que está acontecendo? Falta de estratégia de trabalho e articulação das polícias civis, federal e militar com elas mesmas e com os governos estadual e federal para resolver o problema? Ou talvez a ausência de estrutura e uma legislação mais rigorosa, já que o nosso código penal é arcaico ( criado em de 7 de dezembro de 1940, pelo então presidente Getúlio Vargas) e acompanhado de um sistema prisional falido, em que a segurança máxima não é tão máxima assim? São várias as vertentes da violência que tomou conta de São Paulo, mas uma coisa é certa: há muito descaso político nisso tudo.

Um deles é o fato do policial militar ganhar pouco. E o que não dá para entender é que com tanta violência, os repasses de verbas da união destinadas ao setor de segurança púbica, para 2013, caíram 30%, ou seja, menos dinheiro para combater o tráfico de drogas e o crime organizado no país. Seria interessante que a presidente Dilma e o Congresso Nacional levassem mais a sério a questão da segurança pública no país e começassem a pensar em alternativas mais eficazes no debate à violência, do setor, assim como fez Rudolfh Giuliani em New York (1994) quando instituiu O TOLERÂNCIA ZERO (uma história que todos conhecem) e diminuiu sensivelmente a ação dos criminosos na cidade.

No mesmo ano, uma reforma na polícia e um conjunto de medidas políticas visando melhorar a segurança provocaram mudanças significativas em Bogotá. A capital da Colômbia era mundialmente conhecida por sua violência, com um índice de 38 homicídios por cada 100 mil pessoas. Em 2000, esse número caiu significativamente e hoje, Bogotá- 7.2 milhões de habitantes em 2010- tem uma incidência de homicídios menor que as cidades do Rio de Janeiro (6.400 milhões de começando pela valorização dos profissionais habitantes) e de São Paulo (11.300 milhões).

Como se vê, vontade política é a chave para resolver os problemas sociais que temos. As experiências de Bogotá e New York provam que diminuir a violência é possível. É só acabar com a verborreia e a hipocrisia e agir, mas parece que se atolar na crise para muitos governantes, se constitui uma forma de se perpetuarem no poder. Ao povo qualquer tipo de liberdade será uma ameaça a isso. Já que os deputados não querem acabar com as suas regalias, pensem pelo menos nas necessidades básicas daqueles que os elegeram. O povo paulistano já não suporta mais tanta onda de violência. Eles precisam e merecem levar uma vida normal. É de doer na alma o depoimento de alguns policiais que, com suas famílias, vivem o drama de se esconder dos criminosos para não serem assassinados.