PANDULA: A história da mulher que venceu a dor, a tristeza e o preconceito em ST

FOTOS: ALEJANDRO GARCIA / FAROL

Se alguém perguntar quem é Francisca Joaquina Félix em Serra Talhada é provável que não obtenha muitas respostas. Mas se a perguntar for: “Quem é Pandula”? Não tenham dúvidas. Quem conhece a capital do xaxado não tem como não lembrar da mulher albina, natural de Mirandiba, mas que vive em Serra Talhada desde 1968. No próximo dia 25 ‘Pandula’ completa 77 anos de vida. Sozinha, no bairro do Jesus, ela recebeu a reportagem do FAROL com um imenso sorriso, e contou um pouco da sua história.

“Na verdade não sei o significado do apelido. Desde criança meus irmãos, lá na roça, tacaram o nome de Pandula e pegou até hoje (sorrisos). Não me incomodo de jeito nenhum. Não tem problema”, disse a aposentada, que aos 9 anos de idade já cozinhava e trabalhava no campo. “Fui criada sem mãe porque ela morreu quando eu tinha 5 anos. Depois sofri muito porque fui criada por uma madastra e tinha que fazer as coisas dentro de casa. Deste os sete anos que disseram que não podia levar sol… mas eu tinha que trabalhar”.

Sua vida só veio a mudar de rumo quando chegou a Serra Talhada e passou parte dela morando no abrigo Ana Ribeiro (Casa dos Pobres), até receber um triste diagnóstico que mudou tudo.

“Eu tive um câncer de pele e passei vinte anos viajando para Recife em busca de tratamento. Foi muita dificuldade porque recebia ajuda de alguns amigos para viajar. Mas eu venci o câncer. Sofri bastante, mas sou uma mulher feliz. Nunca me desesperei com nada, graça a Deus e nunca atingi ninguém por conta dos meus problemas. Minha vida é linda”, reforçou Pandula.

TRAJETÓRIA DE FÉ

Durante trinta anos, Francisca ‘Pandula’ trabalhou como zeladora e sacristã da Igreja do Rosário, no centro de Serra Talhada. Aliás, ela tem uma relação muito pessoal com a capelinha e com a fé católica.

“Rezo o meu terço todo santo dia e os padres me ajudaram muito. Padre Afonso, Assis e Orlando me ajudaram. A casinha que tenho hoje foi por conta da ajuda deles”, declarou. Pandula não se queixa da solidão, pois no bairro é querida por todos. Agora, seu principal objetivo é celebrar os 77 anos de vida. “Se Deus quiser e permitir. Por tudo que já passei eu já recebi em dobro. A vida é maravilhosa”, finalizou.