Publicado às 05h36 desta sexta-feira (12)

Falar sobre o papel da mulher na sociedade e os diversos espaços que  conquistou tem sido um dos temas mais debatidos durante essa semana da mulher. Nesta sexta-feira (12), o Farol traz um debate sobre um dos papeis sociais que a mulher conquistou, especificamente o pastorado feminino, que ainda é questionado por muitas pessoas por julgarem ser de competência do homem e afirmarem que não é bíblico. O Farol visitou a Pastora Mirian Késia Costa Matos Prado, 41 anos, mãe de 3 filhos, casada com o Pastor Fagner Prado.

Ela foi muito esclarecedora quanto ao ordenamento da mulher ao pastorado. Falou sobre os desafios e preconceitos que a mulher pastora enfrenta. Tem formação superior em turismo, embora não tenha exercido, formação esta que lhe deu uma visão holística e lhe ajudou muito, inclusive na igreja. Além de pastora, trabalha na Secretaria de Esportes do município, é empreendedora há 7 meses, ou seja, em plena pandemia começou empreender no ramo de livraria e artigos gospel inaugurando a Metanoia Bookstore. É esposa, mãe, dona de casa e tantas outras atribuições.

Veio de  Simões Filho (BA) há 8 anos e se estabeleceu em São José do Belmonte, onde tomou conta de uma igreja, porém há 5 anos mudou-se para Serra Talhada. Embora more na Capital do Xaxado há 5 anos, se considera cidadã serra-talhadense, viveu na cidade boa parte da sua infância, época em que seu pai pastoreou a igreja Batista Missionária. Segundo a Pra. Késia, boa parte das recordações da infância são  daqui de Serra Talhada, cidade que ela tanto ama.

INICIAÇÃO AO PASTORADO

”Como pastora, eu sou uma pessoa comum, embora eu tenha atribuições espirituais e sociais que está na posição que estou hoje me confere. Essas obrigações sociais e espirituais não foram conquistadas por mim, não é algo que eu militei, que eu queria está no pastorado e também não sou pastora porque meu pai é apóstolo, porque minha mãe é pastora e também não sou pastora porque meu marido é pastor. Eu entendo sobre a questão de vocação. Desde que me entendo por gente, eu tenho o desejo de ensinar pessoas o caminho de Deus porque, desde muito nova, eu entendi que não existia outro caminho e que as pessoas precisavam conhecer essa verdade que eu recebi e que conheci, com o tempo foi se desenrolando até que cheguei a posição de ser pastora”, disse Mirian Késia, continuando:

”Foi num tempo bem tumultuado no nosso país, porque foi na época que veio o G12 para o Brasil, que muitas igrejas tem como uma seita. O movimento do G12 foi um movimento que veio para libertar sim as mulheres dessas situações ou desse pensamento construído a cerca do papel da mulher no pastoreio feminino porque a mulher é usada em muitas funções dentro da igreja. Ela sempre teve sua utilidade no reino de Deus, não é uma coisa de agora, e também não foi um movimento femininista, foi um movimento cristã e genuíno porque cristo veio libertar as mulheres.”

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FUNDAMENTOS DO PASTORADO FEMININO

Segundo a Pra. Késia, baseado na bíblia, no tempo de Jesus as mulheres não podiam nem cruzar a rua ao mesmo tempo que um homem, elas teriam que atravessar a rua e permitir que eles passassem, não podia sentar-se a mesa para comer com o próprio marido. Mas, Cristo desfez todas essas questões, ele tinha mulheres que caminhavam com ele, que eram suas discípulas, tinham mulheres que mantinham seu ministério e até o próprio apóstolo Paulo tinha mulheres que serviam com ele no ministério.

Para ela, a grande questão do pastorado feminino é o ordenamento, é o título. ”As pessoas se baseiam em alguns textos bíblicos porque não tem o termo pastora literalmente na bíblia, elas não recebem o título. O título é algo que foi conferido por homens, mas o ministério é divino. Então, se Deus usa divinamente as mulheres, se Deus age, e dá capacidade da mulher gerir uma igreja, conduzir pessoas ao caminho santo, ensinar sobre Jesus e manter a sua casa ainda saudável e a sua vida matrimonial e ter uma relação harmoniosa com tudo isso, porque você vai questionar a ação do espírito e dizer que ela não pode ser?”, indagou, continuando que quem discorda não sabe responder.

”Até quem discorda das questões da mulher ser pastora não sabe responder. Então, porque que a mulher tem que se manter calada na igreja? Que é o que o versículo diz. O versículo que eles usam como força para proibir a mulher de falar e exercer autoridade sobre o homem é o mesmo versículo que diz que ela tem que ficar calada. Então, se ela tem que ficar calada ela não pode ensinar no ministério infantil, se ela tem que ficar calada, ela não pode assumir outros cargos na igreja já que o silêncio tem que ser absoluto.”

O MUNDO MUDOU

A pastora explicou que a cultura que nós tínhamos antigamente não é a cultura que nós temos hoje. Tudo que Paulo falou ele falou para a igreja, mas a igreja que trazia uma cultura judaica e na cultura daquele tempo as mulheres não tinham essa liberdade de falar e nem esse conhecimento porque elas não tinham tanto acesso ao ensino e a letra.

”As pessoas não concordam é com o ordenamento ao pastorado, falam sobre os ministérios, falam que Deus deu os ministérios, mas conferiu aos homens e não as mulheres. A bíblia diz que quando Jesus subiu aos céus deu dons aos homens, não ao homem masculino, mas seres humanos, ele deu os ministérios a humanidade”, disse continuando:

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”Vamos encontrar mulheres que têm função de evangelista, que pastoreiam bem como o homem pastoreia porque creio que o ministério foi dado aos seres humanos e não apenas ao homem especificamente macho.  E quando a gente vai ler lá em Gálatas 3 ele vai falar que em Cristo não existe homem nem mulher, que em Cristo todos nós somos um. Ele falou que não existe escravo nem livre, nem macho nem fêmea. Em Cristo não tem essa separação de sexo na questão do que fazer no reino de Deus”, explicou a pastora.

PRECONCEITOS E DESAFIOS

O cristianismo já é visto de uma maneira rechaçada pela sociedade, só pelo fato de você ser cristão já é visto de uma forma não tão positiva, em alguns momentos. Sendo pastora também é da mesma forma, sendo pastora você é questionada sobre a sua posição, inclusive a Pra. Késia já foi questionada pelo fato de ser pastora. ”Eu já cheguei a twittar e me falaram assim: ‘há pastora, cale sua boca porque na bíblia nem diz que existe pastora.’ Então você não tem autoridade de falar absolutamente nada. Por ser pastora e ter o título de pastora eu não tinha o direito de falar. Se eu fosse qualquer irmã da igreja, eu teria o direito de falar, mas por ser pastora eu não tinha.”

De acordo com ela, um dos maiores desafios do pastorado feminino são as igrejas que pensam diferentes que acabam dizendo que igrejas que tem pastoras são heresia porque é anti-bíblico ser pastora e acabam atraindo suas ovelhas ao pensamento deles, que você está indo contra a bíblia, que os ensinamentos são todos errados, só pelo fato de você ser pastora. Inclusive já teve ovelhas que deixaram de está na igreja porque ali havia uma pastora.

”Outro desafio hoje, para ser pastora, seria os desafios de fé, as inconstâncias dos próprios crentes, as nossas próprias inconstâncias, as dúvidas que se colocam sobre o que é pregado quando vem de encontro aquilo que você deseja fazer. Quando você deixa de ouvir uma mensagem que vem da parte de Deus por qualquer que seja o título que está ali, quem está sendo prejudicado não é quem está falando é quem deixou de ouvir. O fato de ser pastora, de não ser pastora não deveria prejudicar a anunciação do evangelho, desde se faça de uma forma sucinta, dentro da palavra de Deus,” finalizou.

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EMPODERAMENTO FEMININO

Sobre essa temática, ela afirmou: ”Sou a favor que a mulher trabalhe, que seja protegida nos seus direitos, que a mulher possa gerir sua casa com seu marido, ou se não tiver marido que possa gerir e manter sua família. É o contexto que temos hoje e por várias questões a mulher precisa está inserida no mercado de trabalho. Sou a favor que a mulher esteja em todas as áreas, mas sobre a questão do empoderamento, da mulher ser a poderosa, se for essa aplicação do termo, eu não concordo.”

”Quando Deus criou o homem e a mulher, o homem não teve a dificuldade de olhar para ela e dizer, você é varoa, foi tomada do varão, não teve dificuldade de dizer que era semelhante a ele. Mas, por causa dos movimentos machistas, o movimento feminino surge porque houve um abuso da autoridade do homem. Então, sobre abuso de autoridade de homem a mulher deve ser protegida sim”, disse e continuou falando sobre a questão da militância.

”Na questão de dá liberdade a mulher, como hoje se tem colocado, liberando o aborto que a mulher é dona do seu corpo. Ela é dona do seu corpo, mas o corpo da criança que está ali não é mais o corpo dela, nós sabemos que é uma vida. Acho que onde chegamos ao ponto de dialogarmos com o homem foi legal, mas dialogar é uma coisa se expor em praça pública com os peitos de fora, mostrando sua nudez e requerendo outros direitos, sou contra. O ‘boom’ do feminismo hoje é a militância e a militância feminista é totalmente contra os padrões bíblicos e se é contra a palavra de Deus, eu sou contra com certeza.”

MENSAGEM ÀS MULHERES

”Se amem como te Deus criou, como te fez, com todos os atributos que você tem, se apaixone, ame alguém, procure constituir família, procure ter filhos porque é bênção. Mas, antes se ame primeiro e se conheça primeiro na intimidade para que depois você possa oferecer alguma coisa a alguém que vai está ao seu lado e a sua família que virá depois. E se você escolher está sozinha, esteja sozinha e feliz. Que Deus possa te dá essa amplitude de coisas para fazer. Mesmo estando sem um homem ao lado você pode ser uma mulher plena e satisfeita,” aconselhou a Pra. Késia.