Publicado às 04h08 desta terça-feira (24)

Por Jorge Apolônio, Policial Federal e integrante da Academia Serra-talhadense de Letras (ASL)

Todos os moradores de Serra Talhada que têm 40 anos ou mais e até os mais jovens sabem que o terreno onde se encontra a feira livre da cidade é uma lagoa, a conhecida Lagoa de Maria Timóteo. Sabe-se desde sempre que ali há uma confluência das águas que descem dos açudes Borborema e Saco com as que descem das próprias ruas da cidade, e, para piorar, ocorre a invasão da águas do rio Pajeú, que impedem por dias o escoamento das outras águas. Fato.

Tirar a feira livre das ruas foi uma ação necessária, corajosa, difícil e elogiável, mas colocá-la na lagoa foi um ato politiqueiro, irresponsável, inconsequente, estúpido mesmo. Apenas transferiram o problema, não o resolveram. É óbvio que, ainda que as chuvas demorem a vir, uma dia elas vêm e causam todo um prejuízo que poderia ser evitado. Após a enchente, vem uma enxurrada de acusações de todas as partes, e ninguém assume a própria culpa, nem as autoridades nem mesmo os feirantes, que se fazem de desavisados, de vítimas inocentes.

Aquela área já foi aterrada por Augusto César, mas, para se colocar uma feira ali, tinha que se fazer uma obra faraônica com mais aterro, drenagem e construção de um paredão na margem do rio Pajeú naquelas imediações Evidentemente, isso custaria uma fortuna, o que inviabiliza o projeto. Não há dinheiro para isso, e a relação custo/benefício não compensa.

Apontar problema é fácil, ainda mais quando ele é estupidamente óbvio. Até um cego vê.Difícil é apontar a solução. Pois bem, esta coluna ousa apontar algumas. Ei-las, pois, abaixo.

O ideal é transformar aquela área num parque para entretenimento e práticas esportivas. Quando vier a inundação, pouco ou nenhum dano será causado.

O antigo mercado público tem vários espaços ociosos ou mal ocupados. Um arquiteto competente, fazendo um estudo e trabalho minuciosos, conseguiria otimizar tais espaços e realocar, se não todos, grande parte dos remanescentes da feira livre. Seria a oportunidade de modernizar o mercado público, fazendo uma transformação/revolução. Há quitandas modernas e práticas que racionalizam o espaço e embelezam o ambiente. Isso é perfeitamente factível. Só depende de competência e, claro, de vontade política. o SEBRAE tem capacidade para instruir um projeto dessa envergadura.

Há ainda o terreno da família do finado Sindário, pai de Dr. Fonseca. Tal terreno fica na direção do cemitério, por trás do terminal das vans ainda a ser inaugurado por Luciano. Por ser alto, ali não há problema de inundação, mesmo com o canal ao lado. Por ser próximo da atual feira e do terminal citado, isso traria o dinamismo comercial tão necessário.

Há também o terreno do CIST, onde a prefeitura poderia construir um galpão de estrutura metálica e dividi-lo em vários boxes.

Afora isso, há um prédio abandonado na rua José Olavo, onde era o bar do falecido Zé Tomé, quase atrás da Nara Calçados. É propriedade da família de Onquinha Novaes. A prefeitura ou uma associação de feirantes poderia alugá-lo, reformá-lo e dividi-lo em diversos boxes.

Uma observação final: com a abertura do shopping em breve, o movimento comercial no centro de Serra Talhada tenderá a diminuir e, consequentemente, os preços dos alugueis dos imóveis comerciais também diminuirão. Seria o lógico, mas….veremos.