O FAROL entrevista o presidente da Previdência de Serra Talhada, Jânio Carvalho, sobre o projeto que reajusta as alíquotas de contribuição junto ao órgão e que acaba penalizando o servidor municipal. Para Jânio Carvalho, a medida “é fundamental para manter a saúde de algo que pertence a todos”. O rombo milionário da previdência chega a quase R$ 5 milhões. Confira os detalhes da entrevista!

FAROL: Este projeto enviado à Câmara Municipal pelo prefeito Luciano Duque, que reajusta alíquotas para o instituto de Previdência, é mesmo necessário? Por quê?

Jânio Carvalho: É extremamente fundamental. É a única maneira de se manter a Previdência, que diga-se de passagem, é um órgão que pertence aos servidores. Nosso esforço é exatamente este: manter a saúde de algo
que pertence a todos. A contribuição volta em forma de benefícios da aposentadoria, não é dinheiro jogado fora. Só não pode é continuar assim. Hoje a Prefeitura faz um aporte mensal de R$ 400 mil para poder cobrir a folha da Previdência. Somos ao todo 673 aposentados. O que se arrecada não dá para pagar a todos, é preciso o socorro do município, e cada vez mais, assim vai acabar inviabilizando o município. Em qualquer previdência é necessário a contribuição de quatro ativos para pagar um inativo, aqui esta proporção não chega a dois.

Farol: Membros do Conselho do próprio IPPST reclamam que não houve diálogo interno e que todos foram pegos de surpresa com essa medida. Esse era o objetivo do senhor?

Jânio Carvalho:  Infelizmente tenho que discordar. Houve diálogo sim. Há cerca de 40 dias atrás na reunião do Conselho foi anunciado que haveria um aumento de alíquota.

Farol: O vereador Sinézio Rodrigues, que é do PT, faz críticas ao projeto dizendo que a medida vai penalizar o trabalhador, o mais necessitado nessa história toda. O senhor concorda com as críticas do vereador?

Jânio Carvalho:  Não é uma questão de concordar ou não, é uma questão de se fazer o correto. Como já disse: é a saída mais justa, e mais, não vejo ninguém penalizado já que, conforme frisei, a Previdência pertence a todos, é um patrimônio do trabalhador, eles estão contribuindo para um fundo que vai servir a eles mesmos num futuro próximo.

Farol: Se este projeto não for aprovado como se encontra qual será o futuro da Previdência Própria de Serra Talhada?

Jânio Carvalho:  O futuro que não queremos: se tornar inviável e penalizar todo município, para isto estamos apresentando este projeto. Esta é a melhor solução para tornar a Previdência viável e todos saírem ganhando. Acredito
que nem os servidores, nem o município queira ver a Previdência em apuros. Estamos agindo com cautela. Estudamos todas as possibilidades e esta é sem dúvida a melhor. Todos dão sua contribuição, pois vejamos, mesmo com o reajuste das alíquotas, dos servidores e do contribuinte, a prefeitura ainda vai ter que fazer um aporte mensal em torno de R$ 100 mil, mas esta é outra realidade, é um valor suportável, só não pode é continuar nesta espiral crescente, aí sim, ninguém vai aguentar e com isso perdem todos.

Farol: Quem é o culpado pela atual situação do IPPST?

Jânio Carvalho:  O Sistema. A Previdência já nasceu deficitária, e daí em diante foi só somar-se problemas. Vou dar um exemplo: em 2005 quando assumi a Previdência a média salarial dos inativos era de R$ 396, hoje, além de ter se aumentado o número de inativos esta média salarial agora é de R$ 1.329,00 enquanto a alíquota de contribuição está congelada. Aí pergunto: quem paga esta conta? Como fechar esta conta. Mas vou mais adiante, sempre que há aumento de salário e nos dissídios da Educação o valor de nossa folha cresce. Recentemente, somente no reajuste de julho, da Educação, a folha sofreu um aumento de R$ 35 mil, e assim vai. Então posso lhe dizer: o culpado é o sistema ao qual estamos presos.