No último dia 1 de abril, durante o Seminário Todos por Pernambuco, realizado em Serra Talhada, o governador Eduardo Campos (PSB) anunciou de forma ufanista que a vinda do curso de medicina para a Capital do Xaxado já era uma realidade e que o vestibular para o ingresso em 2012 já seria realizado no próximo mês de junho. “Vamos formar médicos aqui no sertão evitando que os estudantes cheguem na capital e não retornem mais para sua terra “, disse Campos, num tom quase eleitoreiro.

A “ducha de água fria” veio logo em seguida. No dia 6 de abril, o reitor da Universidade de Pernambuco (UPE), Carlos Calado, numa entrevista de rádio, afirmou que o vestibular será realizado somente no final do ano, contrariando o ufanismo do governador. “Temos que seguir o nosso calendário. O vestibular para o curso de medicina deverá ocorrer entre novembro e dezembro”, declarou. O reitor também informou que serão ofertadas apenas 40 vagas e não 75, como foi anunciado por governistas.

Até este sonho sair do papel, muita água deverá correr por debaixo da ponte. O terreno já está disponível nas proximidades do campus da Uast-UFRPE, mas não há previsão para o inicio das obras. Os recursos são oriundos de emendas parlamentares e ainda há um processo de negociação para a liberação da proposta.

PREOCUPAÇÃO

Na prática, o curso deverá funcionar somente em 2012, em instalações emprestadas por outras entidades. A polêmica surge em relação a construção de um hospital-escola para o exercício de aulas práticas. Segundo alguns médicos serra-talhadenses, o Hospital Regional Agamenon Magalhães (Hospam) não oferece condições adequadas de trabalho, e poderá colocar em xeque a qualidade do curso.

Uma alternativa seria, desde já, iniciar a construção de um prédio apropriado para a demanda de um curso médico em Serra Talhada. O que está em jogo agora é garantir uma boa estrutura de ensino. Uma coisa é certa: não se assustem se alguma casa de saúde privada passar a servir também como hospital-escola. Afinal, as águas só correm para o mar!