Publicado às 14h30 desta terça (12)

Fotos: Celso García/Farol

Com o plenário da Câmara de Vereadores lotado, o polêmico projeto de reajuste do piso salarial dos professores municipais de Serra Talhada, enviado na última sexta-feira (8) pelo governo Márcia Conrado, foi lido nesta terça-feira (12) e agora segue para debate nas comissões temáticas. Muito criticado pela categoria, especialmente, pela retirada de direitos conquistados, o projeto, da forma como está, não deverá seguir para votação até que os vereadores escutem o contraponto dos representantes sindicais, que irão apontar mudanças urgentes na medida.

O presidente da Casa Joaquim de Souza Melo, Ronaldo de Dja, ponderou pelo diálogo tranquilizando a categoria para uma condução sensata. Sem o risco de haver ‘rolo compressor’ em favor do governo, já que a categoria temia pela entrada do projeto para votação sem qualquer debate com os trabalhadores. “A gente fez um compromisso, os 17 vereadores, que quando esse projeto chegasse aqui na Câmara, a gente iria se reunir com a classe para que pudesse discutir o que fosse melhor para colocar em votação”, disse Ronaldo de Dja, em entrevista à rádio Cultura FM, e completou:

“Foi uma palavra cumprida por esta Casa, de que no momento que chegasse o projeto dos professores, a gente iria fazer a leitura e convidar todos os sindicatos e representantes da classe para que a gente pudesse chegar num consenso e levar para a primeira votação. Na quinta-feira (21), após a Semana Santa, a gente vai reunir as comissões e votar oficialmente com todos os sindicatos presentes. A gente jamais quer atropelar sindicato, jamais iríamos votar escondido, é compromisso dessa Casa sempre estar aberta. É assim que devemos discutir. Convidar todos os sindicatos para chegarmos a um consenso que é o melhor para a educação de Serra Talhada. Terça-feira (18) teremos a sessão normal, mas o projeto não irá entrar [em pauta]”.

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RECADO À DIREÇÃO DO SINTEST

Durante a entrevista, Ronaldo de Dja também revelou insatisfação sobre como a direção do Sintest (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Serra Talhada) vinha conduzindo o processo de debate sobre o projeto até agora, sem buscar qualquer diálogo com a Câmara Municipal.

“A gente tem feito, esse trabalho procurando se unir, procurando estar junto. Diferente do que vimos um outro sindicato, que se reúne com a prefeita, discute com a prefeita, mas sequer busca essa Casa para discutir. Digo isso pelo Sintest que nunca nos procurou”, alfinetou Ronaldo de Dja, reforçando:

“Mas sim, o Movimento Livre, o Carlos Antônio [da Aprost], o Sinpro, que sempre estão aqui nessa casa. E nesse movimento o Sintest nunca procurou a Casa, sempre discutiu com o governo mas nunca trouxe a proposta para discutir com os vereadores. Depois que os vereadores começaram a cobrar a presença do Sintest, foi que começou vir a essa Câmara se posicionar”.

REBATENDO VEREADORES

Provocado acerca da fala dos vereadores sobre a postura do Sintest, o presidente do sindicato, Júnior Moraes, devolveu: “Quando a gente recebe esse tipo de comentário, deixo muito claro que na verdade a gente tem que procurar a Câmara de Vereadores no momento certo. Não tinha como a gente procurar a Câmara de Vereadores no momento em que está discutindo valores. A Câmara de Vereadores até ajuda muito neste sentido, porém o projeto vir para a Câmara é depois de uma discussão ampla, batida e debatida junto com o governo municipal e isso a gente tentou fazer”, justificou o presidente sindical, complementando:

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“Nós observamos aqui algumas falas extremamente tendenciosas de alguns vereadores e isso me chateia pra caramba, porque teve muita coisa relacionada a minha pessoa, especificamente. Teve situação que foi relacionada ao jurídico, à advogada do sindicato também de forma injusta, não havia necessidade alguma disso. Houve falas direcionadas ao próprio Sintest que não teria vindo conversar com os vereadores… Pelo que a gente viu na fala de alguns vereadores é uma tentativa de desmobilizar toda a categoria, de desmobilizar a educação. E minha fala foi para justamente chegar junto, de chamar aqueles que estão um pouco distantes, e sobretudo para que a gente não caia nessa situação de brigar entre a gente”, alertou Moraes.

“PRECISAMOS NOS UNIR”

Assim que a acabou a sessão, o presidente do Sintest puxou um alerta geral, dizendo: “Segunda-feira, para que a gente possa tomar as medidas cabíveis de acordo com que aquilo que a gente decidiu em assembleia, uma assembleia legítima, onde tinha todos os representantes e o governo municipal nem sequer recebeu a nossa contraproposta. Para isso, eu peço que vocês continuem mobilizados, com atenção naquilo que a gente puder conversar. Então, a partir de hoje a gente para, amanhã a gente não trabalha também e vamos nos encontrar aqui segunda-feira. E deixando claro, junto com o pessoal da Aprost, do Sinpro, do Movimento Livre, nós não podemos cair nessa tentativa de desunião entre a gente, a gente não pode brigar entre nós, os nossos inimigos não estão aqui. E vocês [Aprost, Sinpro, Movimento Livre] precisam estar juntos, serão muito bem vindos, pois a gente precisa discutir”.

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“NÃO É BOM PARA OS TRABALHADORES”

Júnior Moraes lamentou que o projeto tenha chegado à Câmara Municipal sem diálogo com a categoria. “Na assembleia da última sexta (8), estávamos lá no intuito de mostrar uma contraproposta à gestão municipal. Mas a seu bem querer [o governo Márcia] encaminhou à Câmara de Vereadores este projeto que foi lido [nesta terça], que a gente avalia que não foi bom para os trabalhadores”, afirmou Moraes.

A estratégia agora é manter o estado de greve até a próxima assembleia da categoria, prevista para ocorrer na segunda-feira (17), na Câmara Municipal. Para a reunião, Júnior Moraes convocou não só o Sintest, mas a Aprost (Associação de Professores de Serra Talhada) e o Movimento Livre, que representa os aposentados. Com isso, até lá, a categoria paralisa e não haverá aulas.

“Faremos essa nova assembleia para vermos quais serão os encaminhamentos a partir de agora, pois tem muita coisa dentro do projeto que a gente não concorda, tem coisas no projeto que precisam ser incluídas, a gente vai lutar até o fim pela não retirada de direitos, e nesse momento esse projeto fere com muita força a questão da redução do PCC (Plano de Cargos e Carreiras) e a gente vai lutar com unhas e dentes para que isso não aconteça e lutar com unhas e dentes para que garanta o mínimo possível para o restante da categoria que precisa de um mínimo de reajuste”.