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Na última parte da reportagem especial “Profissões Perdidas: A dura rotina de quem sobrevive entre toneladas de entulhos, urubus e mau cheiro no lixão de Serra Talhada” (Parte 1) e (Parte 2), mostraremos as contradições existentes entre o discurso da classe política e a realidade de quem sobrevive no lixão da PE 390. As fotos são de Alejandro García.

O GOVERNO MUNICIPAL E A PROMESSA NÃO CUMPRIDA

Em maio de 2013, a prefeitura municipal anunciava com estardalhaço que em 120 dias – 30 de setembro daquele ano – todos os catadores seriam realocados para a Cooperativa de Catadores de Material Reciclável de Serra Talhada, uma iniciativa que atendia ao prazo previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, através da Lei 12.305/2010 (relembre).

Passados quase três anos do anuncio, o que se vê é que nada saiu do papel, o que torna a vida dos catadores uma verdadeira ignota, já que a reforma para ampliação da pista do aeródromo de Serra Talhada já foi anunciada pelo governo estadual. Soma-se a isso, o fato de que após ampliação a cidade deverá receber voos comerciais operados pela companhia área Azul. No entanto, para que Serra Talhada seja habilitação para tal operação, a retirada do lixão se torna obrigatória.

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ENQUANTO O DEBATE SOBRE A RETIRADA DO LIXÃO SE ACIRRA NO MEIO POLÍTICO; OS CATADORES SÃO EXCLUÍDOS DA DISCUSSÃO

Nas últimas semanas o debate sobre a retida do lixão da PE 390 tem ganhado manchetes em vários veículos de imprensa do estado. Recentemente o clima ficou bastante tenso entre o Secretário de Transportes, Sebastião Oliveira, e o Secretário Municipal de Meio Ambiente, Euclides Ferraz, que publicamente divergiram sobre as responsabilidades sobre a retirada do lixão.  O detalhe mais importante desse imbróglio é a forma como os encaminhamentos para a retirada do deposito de lixo vem sendo tomados, sem que os catadores sejam pelos menos ouvidos. Até momento nenhuma autoridade ou órgão não governamental estive no local para orientar ou esclarecer como será o futuro de quem vive em meio aos entulhos.

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“Ninguém disse nada. Mas a gente sabe que temos direito. Tem que ajeitar e colocar a gente em um bom lugar”, relata Maria Dardiclécia, de 40 anos. Muitos catadores são céticos com relação ao futuro depois da retiradas do lixão. “Quando retirar o lixão para onde iremos? Esse negócio de aterro sanitário é ruim. Vai ficar mais de 40 pais de família sem emprego”, desabafa João Marcos, de 30 anos. O fim do depósito ainda não é vista como bom olhos por quem vive na área, “a gente não quer sair daqui.

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Tiramos o nosso pão daqui”, disse o um dos coletores pedindo para não ser identificado. O que mais revolta os catadores é ausência das autoridades, que só aparência de forma oportunista em épocas de eleição. “Os políticos só aparecem em época de eleição. Quero ver o prefeito aparecer aqui para pedir votos”, disse João Batista. Outra coletora bastante revoltada é Marcionília Custódio de Lima, 38 anos, “Já falei com o prefeito quatro vezes para ele me arrumar um emprego”. Segundo ela, “o prefeito até hoje não fez nada do que me prometeu”.

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Entre os poucos políticos lembrados pelos catadores está a vice-prefeita Tatiana Duarte. Curiosamente ela foi uma das poucas autoridades a visitar o local – ainda quando era aliado do prefeito – em 2013. Segundo Zaquiel, o pouco reconhecimento e apoio que recebem vêm das escolas públicas e privadas. “Quem sempre aparece por aqui são os professores e os estudantes das escolas que vem trazer cestas básicas, roupas e brinquedos. Para os outros a gente parece que não existe”.

Forte abraço e até a próxima!

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