Cerca de 1.500 trabalhadores rurais bloquearam a BR- 232 em Serra Talhada e, por duas horas, protestaram contra a demora dos governos federal e estadual na liberação de recursos de combate a estiagem. Os agricultores fizeram o bloqueio com tratores e caminhões causando um engarrafamento de cerca de 4 km. Onze sindicatos participaram da mobilização, que foi coordenada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetape). O protesto foi pacífico e contou, inclusive, com o apoio da Polícia Militar.

Na “tribuna livre” que foi montada em plena BR-232, a principal crítica foi  com relação a ausência de carros-pipas. “Ando quase 4 quilômetros para pegar água já próximo de Calumbi. Lá, nunca andou carro-pipa. Ou melhor, só tinha na época do finado padre Jesus”, reclamou o agricultor Zacarias Pereira,63, morador da comunidade Alegre, que alerta que está sem água. Durante o protesto foi anunciado o retorno da operação-pipa à Serra Talhada mas não causou muita animação.

AGRICULTOR ZACARIAS PEREIRA: "Não vejo um carro pipa desde a época de padre Jesus"

“Foi assinado pelo Exército a prorogação dos carros-pipas. Mas é uma vitória parcial porque é apenas por 20 dias. Queremos o programa funcionando até fevereiro do  próximo ano”, disse Antônio Filho, assessor da Fetape. A realidade da estiagem em Serra Talhada não é diferente de outros municípios. Em São Jose do Belmonte a crise também se agrava. “A situação é caótica e a pior possível. O rebanho está sendo dizimado e falta água para beber em muitas regiões”, disse o secretário de Agricultura de Belmonte, José Pereira da Silva.

Segundo ele, seriam necesários no  mínimo 20 caminhões pipas para atender a necessidade dos agricultores. Já o secretário de Agricultura de Serra Talhada, Rafael Oliveira, cobrou do Governo do Estado compromissos não cumpridos. “Em 2010 o secretário Ranilson Ramos pediu um levantamento de todos os poços e barreiros para serem recuperados. Até hoje não recebemos qualquer resposta”, lamentou.