Publicado às 07h02 deste domingo (6)

Por Jorge Apolônio, Policial Federal e integrante da Academia Serra-talhadense de Letras (ASL)

Ainda que você não acredite, está escrito na Bíblia que tudo é vaidade das vaidades. Entre muitas coisas, Isto explica o fato de um cidadão de bem, depois de ter sido vice-prefeito de sua cidade, prefeito por duas vezes e fazer seu sucessor, passar a alimentar diuturnamente a ideia e insistir por anos a fio em ser prefeito pela terceira vez, derrotando exatamente o indicado de seu sucessor,  de sua criatura.

Há quem diga que é um desafio que ele se propõe para testar quem tem mais votos, o criador ou a criatura. Resumindo: orgulho bobo, birra, VAIDADE. O povo é só um detalhe ou marionete nessa história e só serve apenas como massa de manobra política que desdenha do próprio eleitor. Esse comportamento de exploração da ingenuidade do povo é que o faz ser chamado pejorativa e constrangedoramente de gado, exatamente por se submeter aos delírios e devaneios dos “donos dos votos ou currais eleitorais”.

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É claro que Carlos Evandro tem muitos votos, e isso o ilude a ponto de achar que poderia ser reeleito. Talvez ele desconheça a constatação que fez Arraes, após ser fragorosamente derrotado por Jarbas por 2 / 1.  Finda aquela eleição, Arraes dizia: “para o político, a pior ilusão é a do voto”. Arraes, um mito, teve a metade dos votos de Jarbas, daí o 2 / 1.

Pois bem, essa ilusão fez por muito tempo Carlos imaginar que ele derrotaria um poste de Luciano. Mais que isso, a sua ânsia por voltar induzia-o a acreditar ou fingir para enganar a si mesmo e a inúmeros ingênuos úteis que ele teria condições legais para disputar o pleito. As pessoas razoavelmente instruídas da cidade sabiam dessa impossibilidade. Mas os tolos… Ah, os tolos! O que seria dos espertos, dos ilusionistas se não fossem os… tolos?

Sabendo-se de seu impedimento e, mais um detalhe, sabendo-se de seu problema de saúde, era preciso manter a estratégia da suposta candidatura de Carlos para cacifar alguém do grupo, de preferência Socorro Brito, sua esposa, e rifar Vítor Oliveira. O que de fato se deu. Lula fez o mesmo consigo próprio em 2018 para beneficiar Haddad em detrimento de Ciro Gomes. Coisas da traquinagem política. Depois dessa, Ciro rompeu com Lula na tora. Demorou. Exatamente o que fez Vitor com Sebastião, o timoneiro desse barco furado, segundo dizem as más línguas.

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Assim como Dilma, Socorro Brito e Márcia Conrado por si sós não têm votos nem para se elegerem vereadoras. Politicamente são, como se diz no jargão, uns postes. O simplório Marquinho Dantas tem mais votos do que as duas  juntas.  Mas ocorre que seus padrinhos têm os tais votos e poder para transferi-los. E assim o farão. Estando com a máquina na mão e por ter uma administração mais recente e mais bem avaliada do que a de Carlos, certamente Luciano transferirá mais votos para a sua pupila. Quem viver chorará.

Porém isso não significa que Márcia estará necessariamente eleita. Ainda existe a candidatura de Vítor Oliveira (a ser analisada no próximo post). Tal candidatura esta coluna considera a segunda via B, porque a terceira via mesmo virá de Marquinhos Dantas (que será analisada em post também).

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Por último, vale o registro de que há males que vêm para o bem: apesar de ter sido evidentemente incômodo para Carlos ter que fazer uma cirurgia às vésperas da escolha das candidaturas,  por outro lado, foi-lhe paradoxalmente cômodo para se esquivar de uma candidatura na qual ele não teria êxito jurídico nem eleitoral. Foi uma sacada de mestre usar o motivo da realmente necessária cirurgia neste momento. Para a patuleia ficou parecendo que não foi isso, mas foi.

P.S. Esta coluna esteve suspensa por decisão pessoal deste colunista. Aguardava-se o melhor momento para o retorno. Nada melhor do que o período eleitoral. Estamos juntos com todos aqueles que reclamaram dessa ausência e também com os que nos contestam “civilizadamente”. Forte abraço.