A medida que a estiagem se agrava no Sertão do Pajeú aumentam as insatisfações das famílias com relação às políticas públicas dos governos. Segundo agricultores assentados às margens da Barragem de Serrinha, zona rural de Serra Talhada, as caixas d’águas de polietileno distribuídas pelo Instituto de Pesquisa Agronômica (IPA) estão servindo de mero objetos de decoração e não para acumular água.

“Recebi a minha caixa d’água há mais de dois meses que foi abastecida por um carro pipa apenas uma vez. Pra mim ela está servindo de enfeite pois não passa carros-pipa na minha região”, disse a agricultora Roziane da Silva, revoltada com a falta de assistência dos governantes. O Governo do Estado, através do IPA, distribuiu cerca de 600 caixas na zona rural de Serra Talhada. Pela regra, a obrigação de abastecê-las com regularidade é do IPA, que conta com menos de 10 carros para atender toda região. “Não posso viver comprando água e sou forçada a pegar o líquido da barragem e consumir assim mesmo. Coloco uma pastilha de cloro e pronto. Mas não é assim que a gente deve ser tratado”, ensina Roziane.

As caixas d’águas ‘azulzinhas’, como são chamadas pelos agricultores, foram distribuídas antes das eleições e foi utilizado muito markentig, por parte do Governo do Estado, quando da distribuição. Agora, o governo está estimulando a construção de cisternas de placas nas comunidades. “Até para construir a cisterna a gente tem dificuldade de água. Na minha comunidade, com cerca de 20 famílias, estamos fazendo cota para comprar água para construção da cisterna”, lamentou Roziane da Silva. A reportagem do FAROL entrou em contato com o gerente do Ipa, Fernando Nogueira, para comentar o assunto, mas não obteve resposta.