(O Globo)

Eleito deputado federal em 2010 com 146.859 votos, Romário quer dar voos mais altos na política nas eleições no ano que vem. E o ex-craque da bola e tetracampeão do mundo com a seleção brasileira já tem um alvo: o Senado. Apesar de ainda não ter decidido em qual partido se filiará (ele deixou o PSB recentemente) ou se vai disputar a reeleição na Câmara dos Deputados, Romário, em entrevista exclusiva ao Globo, revela a vontade de ser senador.

O baixinho justifica: “No Senado, as minhas bandeiras, as minhas lutas, as minhas falas terão um pouco mais de repercussão do que têm hoje como deputado”.

Sempre polêmico, Romário revelou o motivo de ter deixado o PSB: “Eu saí do PSB porque não tinha diálogo com o presidente nacional [Eduardo Campos]. Tentei falar com ele durante um ano e meio pelo telefone e ele nunca me atendeu”.

O parlamentar também não poupou o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). “Não me lembro, na história do Rio, de o estado ter recebido tantos recursos do Governo Federal nos últimos anos e feito tão pouco. A saúde e a educação estão ruins. A segurança deu uma melhorada, mas já está voltando a ser aquela baderna que está acostumada a ser”, afirmou.

Sobre a onda de manifestações nas ruas, Romário disse que os jovens querem uma “política nova” e “não corrupta”. “Os jovens que foram para as ruas mostraram que querem uma política nova, diferente, e, principalmente, não corrupta e séria. Coisa que, infelizmente, não está acontecendo no nosso estado.”

Abaixo, a entrevista na íntegra:

Você está decidido a ir mesmo para o PR, do deputado federal Anthony Garotinho?

Conversei com o PR, com o partido do Paulinho da Força (PDT), com o PP do Ciro Nogueira e do Esperidião Amin. Mas com nenhuma dessas pessoas que eu conversei e decidi para onde ir. Tenho mais uns 40 dias para pensar. Estou vendo o que será melhor para o meu mandato. Aquele partido que se identificar comigo, com as minhas bandeiras e com as minhas lutas contra os gastos da Copa do Mundo, com as minhas bandeiras a favor das pessoas com deficiência…

Tenho feito um mandato bastante combativo. Não adianta ir para um partido que não vá deixar eu fazer o que eu tenho feito. A partir do momento que os partidos acharem que eu tenho de fazer o que venho fazendo, será essa a legenda que eu vou escolher. Hoje sou deputado federal. Minha cabeça está em ser deputado federal (novamente). Mas esse partido terá de me deixar a possibilidade de disputar (a eleição) para senador.

Então, você quer ir para um novo partido com a possibilidade de disputar o Senado?

Isso.

Por que o Senado?

Vejo o Senado por ter um número menor [de parlamentares] em relação à Câmara. São 81 senadores e 513 deputados. No Senado, as minhas bandeiras, as minhas lutas, as minhas falas terão um pouco mais de repercussão do que têm hoje como deputado.

Mas para o Senado, nas eleições de 2014, será apenas uma vaga para o Rio de Janeiro. Não seria uma disputa mais difícil?

Acho que é uma possibilidade [disputar o Senado]. Mas vou repetir para você: meu sentimento é ficar mais uns anos como deputado federal.

No acordo com o novo partido, a disputa para a Prefeitura do Rio em 2016 está no pacote?

Eu gostaria muito. Mas, por exemplo: e se eu decidir disputar o Senado e ganhar? Não pretendo ficar apenas dois anos no Senado e ir para a prefeitura, entendeu? Claro que, se eu disputar [a eleição] para deputado, ficaria dois anos e disputaria a prefeitura. Se não ganhasse, voltaria a ser deputado. Estou falando isso hoje. Na política, você sabe como são as coisas. A cabeça de todo mundo muda no decorrer das coisas. Vai depender do momento político.

Se eu disputar para deputado [em 2014], há chances de concorrer para prefeito [em 2016]. Se eu disputar o Senado e ganhar, será muito difícil concorrer a prefeito.

O PSB não te deu essa carta branca?

Eu saí do PSB porque não tinha diálogo com o presidente nacional [o governador Eduardo Campos]. Tentei falar com ele durante um ano e meio pelo telefone e nunca me atendeu. No ano passado, nas eleições [municipais], disse que seria um bom momento de o PSB lançar um candidato a prefeito, que seria eu. Não houve até hoje uma resposta.

Como você avalia essa briga política entre PT e PMDB no Rio, com o senador Lindbergh Farias e o vice-governador Luiz Fernando Pezão, para a disputa ao governo estadual? O governo Sergio Cabral passa por uma crise…

Essa crise que o governo está passando foi o próprio governo que se meteu. Não me lembro na história do Rio de o estado ter recebido tantos recursos do Governo Federal nos últimos anos e feito tão pouco. A saúde e a educação estão ruins. A segurança deu uma melhorada, mas já está voltando a ser aquela baderna que está acostumada a ser. A acessibilidade para as pessoas com deficiência é zero.

Ou seja: um governo que teve tudo na mão desde a época do [ex-presidente] Lula e agora da presidente Dilma. Não conseguiu se estabelecer. Está na hora de mudar. Hoje, principalmente depois dessas manifestações, o Brasil mudou. Os jovens que foram para as ruas mostraram que querem uma política nova, diferente, e, principalmente, não corrupta e séria. Coisa que, infelizmente, não está acontecendo em nosso estado.