Publicado às 05h28 desta quinta-feira (19)

A reportagem do Farol de Notícias está resgatando memórias da tradicional festa de Nossa Senhora da Penha e nessa terça-feira (17), entrevistamos Ana Maria de Souza Melo, mais conhecida como Aninha, 55 anos, nascida e criada na Praça Sérgio Magalhães e traz muitas recordações das quermesses e momentos marcantes. Aninha que é muito devota de Nossa Senhora da Penha sente falta de toda movimentação da sociedade na organização da festa.

A serra-talhadense não gosta que se refiram a festa de Nossa Senhora da Penha como Festa de Setembro e bate o pé para que as pessoas lembrem que a festa é feita em homenagem a santa. Se recorda saudosa dos forrós tradicionais, a folia, a organização da quermesse e a fé. “A festa é de Nossa Senhora da Penha, nunca gostei que chamassem de Festa de Setembro porque ligam a festa ao mês e não a Santa. A Festa de Nossa Senhora da Penha foi marcada por muitas orações, pela crença que a gente tem, pela fé, aquela tradição que a gente tinha, da zabumba, do pé-de-serra, do forró nas barracas no dia 7, a gente não tem mais porque acabaram com isso, infelizmente”, relatou.

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Aninha cresceu no meio das festas, procissões, quermesses e relembra como toda a sociedade serra-talhadense se movia para dar a melhor festa possível, com participação ativa dos jovens. Ela também relata que sente falta de Padre Jesus, que mesmo com toda rigidez fazia questão de uma celebração bonita que com a população.

“Da nossa festa, o que ficou, eu não sou de olhar o passado, porque se você olhar o passado você não vê o presente, as recordações só ficam na fotografia. Os bingos na praça a gente não tem mais, a sociedade todinha se movimentava, um dava um bode, outro dava um bolo e fazia o bingo dentro da barraca de Nossa Senhora da Penha. A festa era comunitária e hoje não é mais, a juventude de hoje talvez não tenha a sensibilidade de saber o que é bom, hoje gostam só da farra, danças. Eu acho que tempo não se compara e está difícil voltar aquela tradição que existia, porque eu quero, mas, sou minoria, talvez se a gente chegar em um grupo de adolescentes e propor para fazer o que a gente fazia antes, eles não concordem porque é antiquado, arcaico”, relatou Aninha acrescentando:

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“Talvez se Padre Jesus estivesse vivo seria a mesma coisa de antes, hoje é mais elitizado, é um público diferente. O importante é que a tradição da procissão continua, que é lindíssima, a celebração da santa. A festa em si de Nossa Senhora da Penha acabou e poderia ser melhor, aqui na praça Sérgio Magalhães poderia ter um segundo polo com bandas da região todas as noites e ficar até mais tarde para quem quiser ficar tomando sua cervejinha na praça, como é feito em cidades grandes como Caruaru”.

O DESEJO DE VER OS FILHOS DE SERRA RETORNANDO

Aninha vê os filhos da terra criando asas e voando para longe, muitos vão para se formar e não voltam mais, perdem a sintonia com a Capital do Xaxado e isso a deixa muito triste, queria ver a participação dessa juventude nas festas, na procissão, nas tradições, também queria um crescimento maior com segmentos novos na cidade. Ela que mostra muito amor pela terra sente a falta desse retorno e toda tradição que fora perdida

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“Eu gostaria muito que melhorasse, que a sociedade serra-talhadense convidasse os filhos da cidade para voltar a Serra Talhada, a festa era lindíssima, era uma festa da gente, os visitantes que vinham um ano sempre voltavam no outro, porque o povo de Serra Talhada é acolhedor, para manter as tradições da festa de Nossa Senhora da Penha a gente precisava ter uma equipe forte para a gente tentar conseguir voltar a ser pelo menos metade do que ela era”, declarou Aninha completando:

“Eu sou a mais jovem da praça agora e cada um que se vai é como se você tivesse a sensação de que é o próximo, porque fomos criados todos juntos. As pessoas daqui vão embora e não voltam mais, já não conhecemos mais as pessoas e é uma pena, a raiz que você plantou aqui parece que não vingou, as pessoas parece que perdem o amor daqui, eu tenho esse sentimento de tristeza, porque tantas pessoas se formam lá foram, podendo voltar e valorizar a cidade, para gente ter mais opção, seja qual for o segmento, na medicina, na engenharia e a gente não tem essa sorte”.