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COLUNA REFLEXÃO

Por Hanna Silvestre, palestrante, social media e estudante de psicologia pela FIS

Por vezes, sentia alguns pingos de água
que eu não sabia se caiam do céu ou dos meus
olhos. Me pareciam pingos de ternura, daquilo que se cria na eternidade, partindo do momento em que existo no outro e em mim. É que quase sempre a gente associa ternura com “quantidade de tempo”, mas ela é tudo que se faz presente no momento sublime dentro do Sentir.

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É sorriso entrelaçado. Beijo na testa, que desliza o meu bem. É mar de água salgada, fazendo a cura ser mais veloz, por arder e a limpar as impurezas. Infinitos construídos no instante
de ternura. E tudo se torna eterno se quisermos que assim seja. Como dizia Guimarães Rosa: A felicidade encontra-se nas horinhas de descuido.

É que eu não sei dizer nada só por dizer,
por isso digo e repito sobre o atravessar: me faço uma alma que se mostra refúgio a todos os corpos que me permitem atravessar. E isso é eterno, até mesmo quando eu preciso ir, para poder novamente me refugiar em mim. Em algum novo momento, partirei de encontro a ti.

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A ternura se faz fora de órbita, cria uma percepção própria do tempo e vasculha toda a nossa cabeça, colocando em jogo até mesmo o que nos foi ensinado sobre a eternidade do sentir. E tudo isso não é qualitativo de tempo. O nosso tempo não pode medir e o que a gente carrega no peito é sobre a finitude do que se faz ternura.

Tudo, exatamente tudo que se cria na ternura se perdura para sempre. Você pode não lembrar no instante único em que se faz o momento, mas existe em algum espaço construído dentro de si. É na ternura que se abraça todas as belezas do que se cria na memória.

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O que fica dos que vão, o que vai daqueles que ficam, tudo conectado e costurado pela linha de ternura que une os retalhos da nossa história, numa grande colcha, aconchegante e heterogênea, em constante construção.