FOTOS: ALEJANDRO GARCIA

Um “mar” no Sertão. É assim que muitos agricultores que vivem ao redor da barragem de Serrinha, enxergam o imenso espelho d’água de 311 milhões de metros cúbicos. No entanto, o manancial vem sendo subutilizado. O desperdício agora envolve a ausência de plantio e de incentivo à cultura irrigada entre os ribeirinhosque acabam recorrendo à prece por chuvas para salvar pequenas lavouras de frutas que existem na região. É  caso do agricultor José Oziel de Souza, 42 anos. De sorriso fácil, ele diz que morar às margens da barragem é bom, devido a abundância d’água. “Pois meu gado nunca morre de sede”. No entanto, confessa que virou refém das chuvas para molhar seu plantio de goiaba.

Com a inexistência de política de incentivo à cultura irrigada, os poucos plantios que colorem a paisagem cinza ao redor do manancial crescem à base de jatos de bomba à diesel, que não necessitam de eletricidade. “Aqui não existe rede de energia elétrica para puxarmos a água para as nossas lavouras. Por isso existem poucos plantios. Quem tiver dinheiro para comprar um motor a diesel consegue plantar alguma coisa. A energia que temos aqui só dá para acender lâmpada e geladeira”, relata o agricultor Heleno Pereira, revelando que políticos locais chegaram a instalar postes no assentamento, há décadas atrás, mas que até hoje não servem para nada.

JOSÉ OZIEL DE SOUZA CITA QUE GADO TEM ÁGUA, MAS REZA PELA CHUVA PARA SALVAR LAVOURA

Ele frisa ainda que Serrinha possui potencial para absorver grandes projetos de irrigação, mas acontece o contrário. “Ao invés de estarmos exportando frutas e verduras aproveitando esse açude, os alimentos chegam de fora”, conta. “O que está faltando mesmo aqui é água da chuva para aguar minha lavoura, já que não tenho bomba à diesel”, lamenta José Oziel, que acabara de andar 18 km levando o gado para matar a sede no açudel.

DNOCS PROMETE REVITALIZAR

Em contato com o FAROL DE NOTÍCIAS, a gerente regional do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), Rosana Bezerra, afirmou que deu ordem de serviço para o órgão realizar uma série de ações de melhorias no entorno da barragem. Inclusive, com a promessa de recuperar o desperdício de água provocado por falha em uma das comportas.

“A ordem de serviço já foi dada e deve acontecer em até seis meses. A ideia é recuperarmos todo o sistema que envolve Serrinha. A licitação já foi aberta para começarmos essa recuperação”, assegurou. Rosana Bezerra revelou que foi aberta uma licitação para recuperação de todo sistema Serrinha em 2011, mas que não foi empanhada pelo antigo gestor.

DNOCS PROMETE RECUPERAR SISTEMA QUE ENGLOBA BARRAGEM; INCLUSIVE FALHA EM UMA DAS COMPORTAS
RIO PAJEÚ ESCORRE TRANQUILO DAS COMPORTAS DA BARRAGEM; MAS FALTA CULTURA IRRIGADA
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