Reportagem: Paulo César Gomes- Fotos: Farol de Notícias/ Alejandro Garcia

As histórias envolvendo Lampião e o cangaço exercem um fascínio sobre vários historiadores e pesquisadores do Brasil. No entanto, quase nenhum teve a coragem de enveredar pelos caminhos que cercam a maior batalha travada e vencida por Lampião: A Batalha da Serra Grande.

A Batalha da Serra Grande – que completará 90 anos em 2016 – é certamente um dos episódios que envolvem Lampião que deve seu estudo levado em consideração, sobre vários aspectos, entre eles, a geografia da região e a fatos que se tornaram popular entre os moradores do entorno.

Para nós – Alejandro Garcia e Paulo César Gomes – que a cada domingo apresentamos aqui no FAROL a serie de reportagem “Histórias Perdidas”, o fato tem que ser narrado a partir da visão dos homens e mulheres que direta ou indiretamente se relacionam com o acontecido, além de fazermos um trabalho verificando pessoalmente o local.

Sendo assim, a narrativa que apresentamos hoje se dar com base em depoimentos de moradores da região da Serra Grande, que fica próximo ao distrito de Caiçarinha da Penha, mais precisamente em Santana de Cima, na Fazenda Barreiras. Nessa jornada contamos com a participação do grande amigo Álvaro Severo, fotógrafo e jornalista, e neto do Coronel Manoel Pereira Lima.

O CATIVEIRO DE ‘MINEIRO’ NA FAZENDA DO CORONEL PEREIRA LIMA

serra g 3LOCAL DO CATIVEIRO DE ‘MINEIRO’

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O cativeiro de ‘Mineiro’ na fazenda do Coronel Manoel Pereira Lima Mineiro foi apelido dado a Pedro Paulo Magalhães Dias, um funcionário da Standard Oil Company – hoje companhia Esso -, que foi sequestrado por Lampião na estrada que liga Serra Talhada a Triunfo. Para libertar Mineiro Lampião pediu vinte contos de réis, o dinheiro deveria ser entregue na Fazenda Varzinha, situada a noroeste da Serra Grande.

O sequestro de Mineiro deu início à história da maior batalha vencida por Lampião – história que será contado com novos elementos em breve -. Segundo o depoimento gravado por Álvaro Severo com Juvenal Rodrigues, morador da região já falecido, enquanto a batalha entre cangaceiros e volantes era travada na Serra Grande, Mineiro estava em um cativeiro na Fazenda Barreiras, de propriedade do Coronel Manoel Pereira Lima (prefeito da cidade de Triunfo por três vezes).

O cativeiro era em baixo de um pé de umbuzeiro, a margem esquerda do riacho São Domingos – Segundo Juvenal Rodrigues o clima no local foi bastante divertido. “Lá onde Mineiro estava havia uma festa com bebida e mulheres”. A narrativa de Rodrigues pode está inteiramente relacionada à declaração de Mineiro aos jornais, ao chegar ao Recife, logo após ser libertado, de que havia sido bem tratado pelos cangaceiros.

A EMBOSCADA A VOLANTE DE CASACA PRETA E A MORTE DE ZÉ PAULO

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Casaca Preta era membro de uma volante que andou pela região da fazenda Barreiras ameaçando os moradores na tentativa de encontrar pista de Lampião e seu bando. O cangaceiro sabendo da presença e das intenções de Casaca Preta, armou uma emboscada para o volante, o local escolhido foi justamente o pé de umbuzeiro.

Casaca Preta foi atraído até um umbuzeiro e acabou sendo surpreendido pelos cangaceiros. O volante saiu em disparada e buscou abrigo na casa do Coronel. No entanto, antes de adentrar na residência, Casaca Preta quase leva um tiro de um fuzil 7 mm disparado por um volante de uma distância de mais 200 metros. A marca da bala ainda hoje está gravada na porta da casa da fazenda.

serra g 4MARCA DO TIRO QUE TINHA COMO ALVO CASACA DE COURO

Segundo Álvaro Severo, os mais antigos moradores da região contam que Lampião tinha um primo chamado Zé Paulo, e que o mesmo teria sido usado pelos os volantes como refém. A ideia era trocar Zé Paulo por Mineiro. “A ideia não funcionou e a volante acabou matando Zé Paulo”, narra Severo.

Uma cruz parcialmente destruída na beira da estrada identifica o local onde o corpo de Zé Paulo foi enterrado. “A gente sabe muito pouco sobre Zé Paulo. Dizem que ele era parente de Lampião. O certo é ele foi trazido já morto da cima serra e para ser enterrado aqui”, relata Luiz Juvenal, 60 anos, morador da região e filho de Juvenal Rodrigues.

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Luiz Juvenal indicado o local onde Zé Paulo foi sepultado

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FAZENDA BARREIRAS: UM EXEMPLO DE PRESERVAÇÃO CULTURAL E AMBIENTAL

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A fazenda Barreiras possui cerca de 800 hectares de caatinga preservada, além disso, m local com muitas histórias para serem contadas. Uma delas é a da Pedra D’Agua, uma fonte de Água localizada no leito do riacho São Domingos e que foi cavada a pedido de Dona Ana Maria, esposa de Manoel Pereira Lima, e avó de Álvaro Severo.

“Esse poço foi à salvação de muita gente durante a grande secas do início do século 20”, declara Severo. Ele também a proveito a reportagem para mostrar o ponto embaixo do umbuzeiro onde foram enterrados alguns cangaceiros.

A fazenda está aberta para visitas para estudos ambientais, pedagógicos, históricos e culturais. Os interessados devem agenda à visita com Álvaro Severo, pelo telefone 999226627, bem como ver o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=AJXocUjZDdo. Um forte abraço e até a próxima!

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fazenda 3ÁLVARO SEVERO E PAULO CÉSAR GOMES

fazenda 4FONTE DA PEDRA D’ÁGUA

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