Publicado às 05h20 desta sexta-feira (23)

Mês chegando ao fim, com ele as campanhas do Outubro Rosa costumam encerrar junto, embora a conscientização deve ser diária. Não se deve esperar apenas o período de campanha para orientar as mulheres a se cuidarem. Por isso, o Farol trouxe a história de superação de Edneide Nogueira Novaes, serra-talhadense, servidora pública do INSS, membro do Projeto Amparo Amigo, e também um recado especial para a mulherada.

Edneide foi diagnosticada com câncer de mama aos 49 anos, em 2015, durante exames de rotina. Ela já tinha o hábito de fazer os exames regularmente devido a mãe também ter tido câncer em 1999. Isso fez com que ficasse mais alerta e cumpria direitinho as revisões anuais. Para ela, o diagnóstico chegou como uma sentença de morte. Foram dias desolados até chegar o momento da aceitação e da decisão de lutar pela vida.

”Nada nem ninguém conseguia conter o desespero desse primeiro impacto. A parte mais difícil é sem dúvida, a confirmação da doença. Chorei três dias, precisava desse tempo pra processar essa nova realidade. Eu me questionava, como assim? Vou ficar sem cabelo, sem cílios, debilitada, com cara diferente? Posso morrer, deixar minhas filhas, meus pais, irmãos (…) Busquei forças e coragem que até então não sabia que tinha. Decidi então lutar, reagir, não somente por mim, mas principalmente por minha família, pois, percebia em cada olhar, em cada choro deles escondido, que o sofrimento era muito grande. Passei a entender melhor que a vida nos mostra muitos obstáculos e, é nesse vai e vem que Deus nos mostra nossa força de superação”, revelou.

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Em conversa com o Farol, Edneide frisou o quanto foi importante a precocidade do diagnóstico, fez toda a diferença. O nódulo estava bem pequeno e a chance de cura alta. Fez a cirurgia da retirada do nódulo, exames complementares, até chegar o momento de enfrentar a tão temida quimioterapia. A guerreira ficou em Recife junto com as duas filhas, Duany e Dominique, e enfrentou 6 longas sessões de quimioterapia e 29 de radioterapia.

Como o momento da queda do cabelo seria inevitável, então ela tentou minimizar, pois segundo Edneide, seria uma das fases mais dolorosas do processo. Na ocasião, pediu para as sobrinhas fazerem a festa. Cada uma pegou suas tesourinhas e cortaram o cabelo da tia da maneira que quiseram. Confessou que, mesmo assim, não foi  fácil, mas tentou transformar aquele momento menos triste possível. Ainda confessou que nunca se sentiu solitária porque sempre teve o apoio das filhas, a família, mãe, genros, cunhadas, amigas, irmãos e irmãs.

”Enfrentar mudança brusca da aparência, entre tantas outras, se tornaram pequenas, pois tinha a responsabilidade de fazer tudo dar certo para que minha cura fosse alcançada, pois tinha consciência de que a eficácia do meu tratamento dependeria muito da minha estabilidade emocional, então, conversava com Deus através de oração. Descobri a música como terapia, cantava alto e sabia que Deus, de fato, me ouvia. Tentei enxergar a quimioterapia como aliada e que precisava ter paciência com aquela que a princípio parecia a vilã, mas que na verdade dependia dela para minha cura”, disse Edneide.

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A cada sessão finalizada, a guerreira agradecia e repousava, no mínimo, cinco dias devido aos efeitos colaterais, fase bem difíceis, mas com o coração cheio de fé e esperança ela sempre dizia baixinho: “vai passar”. Segundo ela, após esse período, criava “alma nova”, redobrava a coragem, achava-se linda de lenço colorido, sempre maquiada, com a autoestima elevada e pronta para lutar e vencer.

”Usava peruca quando ia encontrar meu pai, para poupá-lo de me ver sem cabelos, pois sempre tivemos uma ligação muito forte e ele já era bem idoso. Ele sempre me dizia: ‘todo mundo fica careca com esse tratamento, mas você teve sorte minha filha.’ Aproveitei pra fazer cursos, saía pra tomar café com as amigas e posso afirmar que, minha vida social aflorou ainda mais, não tive vitimização. Tive momentos em que pensei não suportar, mas tudo isso faz parte do processo e passa. Por fim, venci o Câncer de Mama.”

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APELO

Edneide destaca a importância do diagnóstico precoce, da estabilidade emocional, da fé para vencer a enfermidade e ainda fez uma apelo às mulheres e a sociedade para abraçar mais essa causa, a divulgar mais, a levar a informação ao máximo possível para que todas entendam que a vida dela pode depender de um simples toque, que pode e deve ser feito regularmente e também procurar os profissionais de saúde.

”Faço aqui meu apelo para que o Câncer de Mama seja mais divulgado. Que todas as mulheres entendam a importância do auto toque e exames periódicos. Hoje sei ainda mais que os desafios da vida podem ser superados. Chamo a isso de fortalecimento de si própria, da alma, da fé!!!
Superar, aprender e recomeçar. Essa tríade as tenho mais do que nunca como pontos de partida e tento repassar um pouco para aqueles que estão a minha volta. Portanto, se toque! Acredite! Lute! E acima de tudo seja feliz.”