Publicado às 18h30 desta quinta-feira (7)

Foto: Divulgação Programa Sertão Notícias.

Mais uma serra-talhadense curada da covid-19 teve a oportunidade de conversar com uma emissora de rádio da cidade visando alertar à população para a gravidade do novo coronavírus.

Emelly Luckwu, fisioterapeuta intensivista em Recife, é filha de Dimas Luckwu – que por muito tempo trabalhou no banco Santander de Serra Talhada.

Ela atualmente mora em Recife e pode ter contraído a doença durante o trabalho em um de seus plantões.

Em entrevista ao programa Sertão Notícias, nesta quinta-feira (7), na rádio Cultura FM, Emelly relatou que ao saber do diagnóstico sentiu “uma sensação de medo, muito medo, você consegue ter medo de morrer… Você pensa caramba, eu posso morrer!”.

A profissional de saúde disse que durante todo o tempo da infecção, que durou cerca de 15 dias, sentiu uma constante “sensação de desespero com solidão” ao passo que buscava a todo o momento tentar manter-se tranquila esperando tudo aquilo passar, sozinha.

Para não preocupar os pais em Serra Talhada, ela foi corajosa o bastante para não contar que estava com a covid-19 até saber que realmente estaria curada.

PRIMEIROS SINTOMAS

“Quando eu acordei numa quarta-feira estava com congestão nasal e coriza. Mas nem me toquei [para a covid-19] porque eu tenho rinite e havia dormido com o cabelo molhado. Só que aí, na quinta-feira à noite começou uma dor no corpo, uma fraqueza, e pensei: é excesso de trabalho. Quando acordei, na sexta-feira de manhã estava com muita enxaqueca, dor no corpo, fraqueza e com anosmia – que é a ausência do olfato e sem sentido gosto de nada. Foi quando eu me assustei. Eu tive todos os sintomas da covid-19, menos a febre.”

“Eu tive dispineia em pequenos esforços, que é a sensação de falta de ar, eu me levantava para ir no banheiro e sentia falta de ar. E dá uma desespero porque eu me via uma pessoa com 33 anos, não tenho nenhuma comorbidade, não faço uso de nenhum medicamento controlado, não tenho sobrepeso e não estava aguentando caminhar até o banheiro de casa. E ficando longe de todo o mundo para não contaminar ninguém. É uma sensação de desespero com solidão e ao mesmo tempo tentando manter a tranquilidade e esperei passar”.

O QUE DIZER DE SERRA TALHADA?

“Eu vejo que muita gente em Serra Talhada acha que o isolamento social é: ah, eu estou de quarentena, meu coleguinha está de quarentena então vou lá na casa dele vê uma live. E não é isso. Se fosse assim ninguém estava doente agora”.

SITUAÇÃO DE SUPERLOTAÇÃO EM RECIFE

“Nesse momento aqui no IMIP estão abrindo uma UTI – Covid 5, em três meses. No Hospital da Mulher as duas UTIs direcionadas para a covid-19 estão cheias, eu faço parte de uma delas, no Otávio de Freitas já praticamente não tem mais UTI clínica, todas as outras são direcionadas [ao covid], o Hospital Real Português também está indo na mesma proposta, são muitos pacientes internados com diagnóstico confirmado”.

“ESTAMOS VENDO GENTE MORRER TODOS OS DIAS”

“A gente está vendo gente morrer todos os dias, infelizmente. É uma sensação de impotência, porque entram muitos pacientes todos os dias e todos os dias a gente está vendo mortes seja em qualquer UTI”, disse Emelly, sem conseguir conter a emoção.

“Está sendo muito difícil. É muito sério, está complicado demais. E engana-se que só está chegando paciente idoso. São pacientes jovens, a gente tem perdido pessoas com poucos mais de 50 e 60 anos”.

“Uma colega enfermeira acabou de perder o pai para o covid, muitos colegas estão sendo afastados [infectados durante o trabalho], graças a Deus a maioria se recuperando, as equipes estão bem defasadas”.

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