Banda Lixo de Luxo

Publicado às 05h56 deste domingo (2)

Há exatos 30 anos, uma banda de rock com parte do DNA serra-talhadense e outro na periferia de São Paulo, apresentava-se na Praça da Sé, em um ato público, realizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), em homenagem ao Dia do Trabalhador, tratava-se da Lixo de Luxo – o nome é uma referência crítica à proposta de vida apresentada em uma campanha publicitária do sabonete Lux de Luxo. Naquele dia os jovens tocaram para um público de mais 20 mil pessoas.

A Lixo de Luxo foi fundada em 1977, e é apontada por roqueiros e pesquisadores como sendo uma das primeiras a tocar o “punk” no Brasil. O detalhe é que alguns dos fundadores da banda são do distrito de Água Branca, zona rural de Serra Talhada, são os irmãos: Antonio Mourato (Mamorra) e Sá Mourato  que se juntaram ao paulista Pedrão para fundar o grupo. Após decisão de cunho pessoal, Sá e Pedrão deixaram a banda.

Em 1985, a Lixo de Luxo gravou o LP “Politicagem”, um trabalho que contou apenas com músicas autorais e que refletiam muito da cena musical e cultural do país na época, e também mostrava como o BRrock (o rock brasileiro) influenciava os jovens da década de 1980. Participaram desse disco: Antonio Mourato (Mamorra) – guitarra e vocal, João Lima (Gambola) – bateria, Edivaldo Mourato (Didi, irmão de Mamorra e Sá) – guitarra, e Bunny LIma (Geno) – baixo.

Veja também:   Presidente da Câmara de Sanharó é afastado

Segundo Mamorra Mourato, ele se envolveu com a música aos nove anos quando ainda morava em Serra Talhada . “Eu acompanhava o meu pai que tocava acordeon em festas e bailes, e eu tocava um triângulo feito em casa. Aos 12 anos aprendi a tocar violão, depois que meu pai me deu os ‘primeiros toques’. Com 17 anos, já aqui em São Paulo, comecei a tocar guitarra e a participar da Lixo de Luxo”, relatou o guitarrista Mamorra, que também é professor de música, compositor, arranjador e letrista.

INFLUÊNCIAS

“Minhas primeiras influências vieram do berço da família, vendo meu avô paterno, meus tios e meu pai tocando em festas que aconteciam na comunidade de Água Branca, em Serra Talhada”, declarou o outro integrante da família Mourato, o baixista Sá. Ele participou  da gravação do compacto duplo “Mixórdia”, no final do anos de 1970. Três anos após a formação da Lixo de Luxo deixou a banda por iniciativa própria, sendo substituído por seu irmão caçula, Didi Mourato. Após mais 15 anos de luta, com muita garra e suor, a Lixo de Luxo acabou deixando de existir, mas isso não significou que os sonhos dos irmãos “Mourato” haviam chegado ao fim. Os irmãos Mamorra e Sá convidaram o velho amigo Pedrão para um novo projeto, e acabaram fundando uma nova banda, a Máxima Culpa.

Veja também:   Família de radialista de Serra Talhada condena fotos nas redes

NOVA TRAJETÓRIA

Banda Máxima Culpa

Pedrão, que foi dos fundadores da Lixo de Luxo, compondo e fazendo vocais, também participou da gravação do compacto duplo “Mixórdia”. “Moramos no mesmo bairro, uma diferença de 500 metros entre a casa de um e de outro, nos conhecemos desde os tempos de escola”, descreve Pedrão indicando a existência de forte lanços de amizades entre ele e os irmãos Mourato. Pedrão Máxima Culpa, nome artístico, explica a origem do seu nome e da nova banda.

“Lá em 1993, após perceber que várias igrejas eram manipuladas por homens corruptos e inescrupulosos, passei a escrever sobre o tema, a abordar em minhas letras as denúncias de enriquecimentos ilícitos, e questionamentos sobre aqueles que considero como os ‘donos da verdade’, mas que na realidade, só estão preocupados em engordarem suas contas bancárias. Muitos estão enganando os fiéis, manipulando a fé, dando prejuízos à muitas famílias, na maioria pobres e sem cultura, que sem muitas perspectivas, aceitam as bonitas palavras proferidas por aqueles que se autodenominam como, Pastores, Bispos, Sacerdotes, Videntes e etc”, disse Pedrão, completando “o nome é parte de uma oração, por minha culpa, minha máxima culpa”

Veja também:   Duque comemora crescimento de ST

Nos últimos 26 anos a Máxima Culpa vem acumulando dezenas shows, participações em festivais e produzindo muito rock in roll. Contando com a presença de César na bateria, a Máxima Culpa, assim como a Lixo de Luxo, comprova que a música, em particular o rock, é universal, que une pessoas e regiões. Não importa a origem dos integrantes, seja do Norte, Nordeste, Sul, Centro-Oeste, Sudeste ou até mesmo da periferia de uma grande metrópole, o que vale a pena é de fato sentir a vibração dos solos de guitarra, a batida pulsante de uma bateria e a intensidade de uma letra impactante e verdadeira. Isso é rock! Isso é Lixo de Luxo! Isso é Máxima Culpa!