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Fotos: Farol de Notícias / Alejandro García

“Devemos fazer com que as nossas dificuldades trabalhem a favor da gente”, é o ensinamento que Robson Aparecido da Costa Silva, de 21 anos, morador da comunidade Pereiras do Saco, a 23 km de Flores, no Sertão do Pajeú, deixa para todos os jovens. A história do estudante de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde de Serra Talhada (Facisst), filho de agricultores, é um belo exemplo de superação e força de vontade. Em conversa com a reportagem do FAROL DE NOTÍCIAS, Robson, disse que foi discriminado pelos colegas de escola por ser morador da zona rural, sempre sonhou em fazer Medicina, mas é na Psicologia que tem realizado seus sonhos. O jovem percorre pelo menos todos os dias 126 km para concluir a faculdade.

“Eu saio de casa às 3h da tarde ando 2 km até chegar na escola da comunidade, onde pego o carro dos professores que vai para Flores, chego por volta das 17h e espero mais uma hora para pegar o ônibus que traz os estudantes de Flores para Serra. Quando eu chego na faculdade são 19h. Começa minha aula às 19 e termina às 22h, e eu refaço esse mesmo percurso para Flores. Chego por volta de umas 23h, aí meu irmão vai me pegar de moto, porque na vinda ele não tem disponibilidade. Chegamos meia noite, quando é 6h da manhã eu tenho que estar de pé e ir trabalhar. Sou o digitador da escola do povoado Saco do Romão, que estudei lá. Faço seis horas corridas, ando 2 km a pé e volto para casa, tomo banho, almoço, estudo e às 15h volto a fazer a mesma trajetória”, relatou Robson.

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Apesar de tantas dificuldades, Robson Costa já está no sexto período do curso e desde o quarto semestre tem apresentado trabalhos em congressos por todo país, inclusive fora do Nordeste, pesquisando com a poesia do Pajeú. “Eu já tenho quatro trabalhos que foram apresentados em congressos e dois publicados. Participei do 9º Conpsi, em Salvador; o 16º EPP, em Londrina; e agora com um grupo de alunas que fizemos a pesquisa, Paula, Lilian, Mônica e Tais vamos apresentar um trabalho na área da sexualidade, no  Centro de Convenções, em Olinda. No quarto período, eu comecei a pesquisa com a poesia do Pajeú, a partir das aulas de Fundamentos da Psicanálise com a professora Rita Araújo. Esse trabalho será o meu trabalho de conclusão de curso”, explicou.

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“É cansativo, mas sem o esforço a gente não consegue vencer.Eu hoje trabalho na escola que estudei e ajudo os meus conterrâneos a vencer esses preconceitos contra pessoas da zona rural. Eu recebo um salário mínimo, eu tenho que pagar minha alimentação, o ônibus para vir para a faculdade e pagar a mensalidade. No começo estava muito difícil, porque a mensalidade estava R$ 480 e não me restava nada. Só ficava com R$ 0,50 para comprar uma pipoca por dia. Mas com o meu esforço eu fui conquistando espaço com meus trabalhos, com as minhas pesquisas e consegui uma bolsa do Proupe, hoje pago só 50% da mensalidade. Como retorno desse investimento que a faculdade tem me dado, me dando ajudas de curtos, inclusive com as passagens para os congressos”.

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Robson Costa é motivo de orgulho para as gestores da Aeset e o coordenador do curso de Psicologia, Eliane Cordeiro, Luciene Pulça e Sérgio Douglas Lira

Robson e Eliane