Publicado às 14h06 deste domingo (4)

Pelo menos uma dezena de boletins de ocorrência foram abertos na Delegacia de Serra Talhada ao longo dessa última semana dando conta de um golpe aplicado por um suposto ‘pastor-construtor’. O Farol apurou que famílias foram prejudicadas em, pelo menos, três bairros, AABB, Caxixola e Ipsep, com a venda de projetos de construção que nunca saíram do papel, mesmo havendo um pré-acordo de pagamento de grandes quantias em dinheiro.

Segundo as vítimas, o golpista vem prometendo construir casas, chega a firmar contrato, mas em vários casos não deu mais resposta aos clientes, sumindo com o dinheiro. Hoje é considerado foragido da polícia. Conforme as vítimas, o suposto pastor vem agindo ao lado do genro e da própria filha, que disponibilizam suas contas para receber os depósitos. A Polícia já está à procura do grupo.

Num dos golpes, relatado por uma das vítimas na Delegacia de Polícia Civil, o ‘pastor-construtor’ acordou levantar uma casa por R$ 195 mil. Ele exigiu como ‘sinal’ para começar os trabalhos R$ 45.500 mil. Após começar a ser cobrado pela cliente, devido a demora, ele sumiu. Revoltadas, as vítimas vêm compartilhando fotos do ‘pastor-construtor’, da sua filha e do seu genro nas redes sociais, divulgando inclusive o nome da empresa de construção que os suspeitos administram.

RELATO DAS VÍTIMAS

Flávio Luiz, 36 anos

“Todo mundo tem o sonho da casa própria, eu sou um deles e causa de muita burocracias não conseguimos um financiamento pela Caixa. Vimos uma publicação de um amigo anunciando essas casas, ele pedindo 30% do valor da casa de entrada e parcelando o restante em 120 parcelas fixas e sem burocracia. Chamou atenção e nós fomos lá na Caxixola, ele mostrou o terreno e ele disse que era um pastor que construía.

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Fui falar com o pastor pessoalmente, eu e minha esposa. A gente conversou, ofereceu a forma de pagamento, negociamos um valor um pouco a baixo da entrada e finalizamos com entrada de R$ 12 mil e parcelamos o restante em 120 vezes de R$ 650. A gente gostou da oferta, perguntei se já tinha entregue algumas casas e ele falou que sim, peguei o CNPJ consultei, estava uma empresa ativa e confiamos. Isso em novembro de 2020, ele falou que em 2021 começava as obras, dia 2 de janeiro, chegou o dia e e ele não começou a obra, mesmo assim a gente pagou a primeira parcela.

Fevereiro, agente deu novamente a parcela, falei com ele e falou que teve atraso, mas que ia começar. Em março, falei com minha esposa que não íamos mais continuar e iramos falar com ele para ver o que estava acontecendo e se fosse o caso ele devolveria nosso dinheiro.

Comecei apertando ele e ele falando que começava, hoje, começava amanhã, que ia devolver o dinheiro, finalizando que na última sexta-feira (26) quando acordei estava a foto dele estampada nas redes sociais dizendo que ele estava dando golpe no pessoal e fugiu de Serra Talhada. Fui na delegacia e começou se espalhar a notícia, na sexta-feira tinha umas 10 pessoas na delegacia tudo denunciando esse rapaz.

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Ele também agiu de má fé com o pessoal da igreja dele. Fez empréstimo no nome de várias pessoas, pegou o cartão de uma senhora que também estava na delegacia, no final, ele fez um empréstimo no valor de R$ 5 mil no nome dessa senhora. Eu levei um prejuízo de R$ 13.300, mas teve pessoal que tiveram prejuízos R$ 60 mil, de R$ 50 mil, R$ 25 mil, ou seja, todos que estamos num grupo de WhatsApp, juntando tudo tem aproximadamente uns R$ 200 mil na mão desse bandido.

Esse senhor anda com o genro como representante dessa empresa. Estão junto: esse pastor, o genro, a filha do pastor e a esposa, que foi até na conta dela que fiz o depósito. Alguns que estão no grupo do WhatsApp fizeram o depósito na conta da filha dele. Estão todos foragidos.”

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“Eu liguei para esse senhor e ele veio até minha empresa com um senhor e disse que tinha que dá 30% do valor da casa, o valor da casa era R$ 195 mil e eu não tinha o valor todo. Coloquei R$ 45 mil na conta dele, a gente olhou o CNPJ da empresa e é no nome do genro dele.

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Fez o contrato, reconheceu firma no nome do genro dele, que é o nome da empresa. A gente transferiu os R$ 45 mil reais para a conta do genro da conta do meu irmão e ficou as parcelas de R$ 500 reais. Em junho ele me dava a casa e eu dava mais R$ 15 mil ou R$ 20 mil a ele e dividia o restante em 10 anos.

Isso foi em dezembro de 2020, disse que ia começar em janeiro, chegou janeiro e nada, fevereiro e março, nada. Foi quando me toquei e pedi meu dinheiro de volta. Ele disse que não tinha condições de dá o dinheiro agora e veio com um cheque da filha dele, só que o cheque estava prescrito, eu depositei no Santander, mas não tinha fundo.”