micheltemer(Do Jornal do Brasil)

Além de ter manifestado um leve arrependimento com o tom da carta enviado para a presidente Dilma Rousseff, no início de dezembro, logo depois que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou o pedido de abertura de impeachment na Câmara, o vice-presidente Michel Temer ensaia uma reaproximação do Palácio do Planalto.

Preocupado em reunificar o fragmentado PMDB para se reeleger presidente da legenda na convenção nacional, em março, Temer vem dando sinais cada vez mais claros de que não vai interferir na recondução de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) à liderança da bancada peemedebista na Câmara.

Um dos principais indícios de que o vice-presidente poderá estender a bandeira branca é o aval que ele está dando à possibilidade de o Planalto nomear um deputado do PMDB mineiro para a Secretaria de Aviação Civil. Essa estratégia, elaborada pelo grupo de Picciani, visa neutralizar a bancada mineira, uma das maiores do partido, com sete deputados, e que poderia desequilibrar o jogo e causar problemas à eleição do parlamentar fluminense.

Temer está ciente de que seu desgaste tem pelo menos duas causas: uma delas é a exposição de sua própria fragilidade, quando admitiu em carta aberta que não foi atendido pela presidente Dilma em uma série de pedidos. A outra causa que atingiu a imagem do presidente nacional do PMDB foi a maneira apressada com que destituiu Leonardo Picciani, quando o deputado tentou formar a cota do partido na Comissão Especial do impeachment apenas com parlamentares aliados ao governo.

Ao aceitar a nomeação de um mineiro para a Aviação Civil, Temer, consequentemente, avaliza o retorno de Picciani à liderança e, em contrapartida, pode vir a receber o apoio do influente diretório fluminense do PMDB, reelegendo-se na convenção de março.