Da Folha de PE

“Thor: Amor e Trovão”, que estreia nesta quinta-feira (7), é o filme mais “farofa” já produzido no universo cinematográfico da Marvel. O roteiro não é lá dos mais bem desenvolvidos, os personagens carecem de profundidade, mas há algum charme nesse besteirol colorido e infantilizado que faz a ida ao cinema valer a pena.

Uma das explicações para o envolvimento que o filme exerce está na figura carismática do seu protagonista, aqui elevada à máxima potência. O diretor Taika Waititi, que começou a dar contornos mais cômicos ao Deus do Trovão em “Thor: Ragnarok” (2017), mostra o herói em seu lado mais bonachão e sentimental.

No início da trama, Thor (Chris Hemsworth) acompanha os Guardiões das Galáxias em batalhas interplanetárias enquanto busca autoconhecimento. Seu momento de paz interior é interrompido pela notícia de que um assassino misterioso está aniquilando todos os deuses conhecidos. Para deter essa nova ameaça, o viking vai contar com a inesperada ajuda de sua ex-namorada, a Doutora Jane Foster (Natalie Portman), que reaparece com poderes e figurino semelhantes aos seus. O reencontro mexe com as emoções do príncipe asgardiano.

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Conhecida nos quadrinhos desde 2014, a Poderosa Thor é a identidade que a astrônoma e astrofísica assume ao empunhar o martelo mágico Mjolnir, que a escolheu como sua nova possuidora. Essa guinada na trajetória da personagem acontece após ela descobrir um câncer de mama em estágio terminal, que com o uso da arma sobrenatural só faz acelerar. Mesmo assim, ela resolve embarcar em sua primeira aventura como super-heroína ao lado do ex – com quem teve um término repleto de mágoas – e dos novos amigos Valquíria (Tessa Thompson) e Korg (vivido pelo diretor do filme).

Quem está do “lado do mal” nessa história é Gorr, o Carniceiro dos Deuses, interpretado por um Christian Bale irrepreensível em cena. Sua vontade de varrer do mapa todas as divindades é alimentada por uma vingança pessoal. No passado, ele viu a filha morrer em suas mãos, mesmo apelando para a ajuda divina. Ao encontrar a Necroespada, um dos objetos mais perigosos do universo, ele se transforma numa criatura sombria e impiedosa.

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Através desse emaranhado de narrativas, o longa brinca com a ideia de entrelaçar gêneros como comédia-romântica, drama e aventura. A premissa, no entanto, fica melhor no papel. Na prática, o que se sobressai no roteiro é a comédia pastelão, com piadas que saúdam a quinta série que habita no espectador, com direito ao Thor com o bumbum de fora em uma das cenas. O filme acaba se perdendo na dosagem do humor, deixando a vontade de fazer graça tomar conta mesmo em momentos em que caberiam diálogos mais profundos.

O que faz de “Thor: Amor e Trovão” uma obra sem consistência é também o que torna a experiência de assistir ao filme, pelo menos, divertida. Há um claro apelo infantil na produção, mesmo que algumas de suas piadas não sejam apropriadas para os pequenos. Gorr assume ares de vilão de animação da Disney ao botar medo em crianças e, depois, ao ter seus monstros derrotados por bichinhos de pelúcia. A mensagem final é a celebração do amor como único motivo para manter-se vivo, o que deve atingir em cheio um lugar de ingenuidade na mente do espectador.

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