Foto: Celso Garcia/Farol de Notícias

Publicado às 04h48 desta sexta-feira (13)

Durante décadas, o mês de maio, conhecido como o Mês de Maia, foi um período sagrado e festivo dos fieis de Nossa Senhora em Serra Talhada. Nas décadas de 60, 70 e 80 a devoção e fé eram mais fervorosas e toda a cidade se envolvia nos festejos. Além das programações nas paróquias e capelas haviam paroquianos que ainda reuniam os amigos em casa para rezarem o terço de Maria.

Além das missas, novenas e procissões, promessas, quermesses durante o mês mariano, era costume das mulheres usar um véu na cabeça e as cores azul e branco, inclusive, Segundo Maria Auricléa Andrada Bezerra  Maninha), uma devota fervorosa de Nossa Senhora, durante o mês a venda de tecidos azul e branco aumentam na sua loja, Aury Tecidos.

”Se procura mais Maria no mês de maio do que todo o ano, se faz promessas e na maioria dos lares mais antigos o terço é sagrado. Além de colocar o manto banco na cabeça, tem as promessas, usam muito azul e branco. Esse mês, já vendi tecido azul e branco a várias pessoas porque usa-se em homenagem a Nossa Senhora e o véu é um respeito e devoção a Nossa Senhora porque ela sempre aparece com o manto, aquele manto traduzem para o véu. Algumas pessoas usam o véu, algumas usam azul e branco outras usam só azul”, explicou.

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Dona Maninha, revelou ao Farol que guarda muitas memórias dos novenários das décadas passadas. As igrejas se movimentavam mais, era sagrada a abertura e encerramento do mês de maio com procissões, novenas. O mês inteiro, as paróquias e capelas se movimentavam com missas, com terços do mês de Maria. Hoje ainda se conserva a tradição, no entanto, a quantidade de pessoas participando diminuiu muito, tanto nas paróquias quanto nas capelas e belíssimas ornamentações e altares chama a atenção.

”O que lembro mais é da coroação de Nossa Senhora, hoje é tudo mais simples. Sempre teve muita movimentação ao redor das igrejas com barracas, mas depois da pandemia, esse é o primeiro encontro do mês de maio com a igreja aberta com o pessoal participando, mas talvez os paroquianos estejam com um pouco de receio e os idosos que são as pessoas mais fervorosas do mês de maio estão vindo pouco, muitos participando, mas ainda não está como antes, está mais fraco do que todos os anos”, relembrou, continuando:

”Nas residências sempre se conservava a imagem de Nossa Senhora, em algum lugar da casa tinha que ter a imagem. Era mês de festa, mês de devoção, alguém da família sempre rezava o terço, além da igreja reunia alguns amigos para rezar o terço na sua casa. Hoje, quando está passando por algum momento difícil, você pede a intercessão de Nossa Senhora. A gente sabe muito bem que é Deus, mas da intercessora Maria a gente não duvida. Todo mundo que é devoto dela tem essa fé ferrenha que Nossa Senhora, a mãe, leva a Deus por isso que as mães conservam a devoção a Nossa Senhora”.

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TRADIÇÃO PERDE FORÇA

Conforme a devota, a geração jovem já não segue a tradição dos pais não porque não gostavam, ou não crêem, mas deixaram os jovens a vontade. Outro aspecto que pode ter motivado o baixo envolvimento da população serra-talhadense no novenário, citado por Dona Maninha, é a ausência da participação da comunidade escolar, que além de homenagearem Maria durante os festejos também eram homenageados.

”Os colégios se envolviam mais, mas a Educação exige que você não seja só ecumênico, mas que você não faça campanhas dentro das escolas. Só tem o Colégio das Freiras que quem vai estudar lá já vai sabendo de todo esse costume da gente. Antes as escolas se envolviam muito, toda noite um colégio era homenageado, fazia sua homenagem e era homenageado. Recebia o convite para participar do novenário, os alunos, os professores participavam. Mas, hoje existe muita dificuldade, muita gente é evangélico, alguns professores não se envolvem tanto, outros acham difícil porque os jovens não querem ir, é uma dificuldade muito grande para levar jovens para a igreja, ficam mais no patamar da igreja do que dentro”, lamentou.

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Dona Maninha finalizou suas memórias revelando ao Farol como é sua rotina cristã durante o mês mariano. ”Na minha casa, a imagem sempre está, mas no mês de maio eu sempre me dirijo a ela duas vezes por dia, rezo o terço em casa 6h30 antes de vir trabalhar e a noite na paróquia. Sempre que quero fazer um sacrifício a Deus e agradecimento e sempre escolho o mês de maio. Também pedimos a intercessão para necessidades, as pessoas fazem muito. Eu vou rezar esse mês um terço em oferecimento a um problema que estou passando e vou pedir a intercessão para ela como mãe pedir a Deus porque ela é mãe, ela é filha, ela é mulher e tem toda uma preparação”.